quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Você


Ah, você. Você e essa mania de achar que está sempre certo, como se a minha palavra tivesse menos valor que a sua.
Mania de me xingar e colocar apelidos irritantes, mas não aceitar nenhum e odiar todos.
Mania de ser indiferente, grosso, bipolar. E mesmo assim não admitir ser nada disso.
Essa sua liberdade de dizer tudo que vem na cabeça, sem pensar duas vezes.
Ou o jeito que passa a mão no cabelo, tentando deixar ele um pouquinho em pé.
Seu vício maluco por futebol, de assistir todos os jogos, independente dos times que estiverem jogando.
Ahhh, sua mania horrível de tirar as duas mãos do volante quando dirige. Ou fazer uma ultrapassagem com o joelho enquanto escreve uma mensagem no celular. Me assusta.
Quando briga comigo, me chama de imatura, criança, sem noção, exagerada – e não percebe que faz igual ou muito parecido.
Ou quando me pega no colo e deixa minha cabeça apoiada na curva do seu pescoço.
Falar que te sugo com os olhos. Quem sabe eu sugo mesmo. Sua imagem, seu cheiro, seu gosto, seu toque. Você.
E sempre dá tudo errado com a gente. Quando saímos, quando não saímos. E mesmo assim fico sem saber quando vou te ver de novo.
Quando me chama de neném, querida, amor.
Ou quando costumava chamar.
E a mania ridícula de colocar meu nome no diminutivo... Eu odeio. Odeio mesmo. Mas isso não te impede de continuar me chamando assim.
Teu jeito objetivo, prático, direto, focado. Isso eu adoro.
O fato de odiar o quanto eu dependo de ti e de me achar uma louca. Como se tu não fosse.
E adorava me lamber, sei lá qual era a graça disso. Mas pena que adorava, daria tudo pra adorar ainda.
Seu jeito insensível, que não sente ciúmes nem se importa. Ou pelo menos não se importa mais.
Ou quando dá aquele sorriso gostoso e perfeito, aquele sorriso que faz parar o tempo e congelar tua imagem ali, na minha cabeça, como se nada mais importasse.
Ser tão egocêntrico, confiante, abusado, nojento, irônico. E ao mesmo tempo educado, paciente, carinhoso, confiável, realista.
E odiar toque. Não podia tentar te tocar que você esquivava. Inevitável.
Tua mania de me criticar quando uso maquiagem e criticar quando não uso.
Como se fosse meu oposto e ao mesmo tempo tão igual a mim. Enquanto procuro por alguém, você espera alguém te achar. Você não vai mudar. Eu nem quero. Porque cada mania, cada detalhe seu, é essencial pra mim. Preenche meu dia, meu final de semana. E tanta coisa em você que eu odeio... Odeio tanto que chego a amar. Se amor e ódio andam tão juntos, são tão parecidos e diferentes, se onde tem um tem o outro, acho que não sei mais os diferenciar. E acho que te odeio. Ou, simples assim, não consigo te odiar.

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