segunda-feira, 19 de março de 2012

O Amor

É quando você não espera mais a ligação daquela pessoa, porque sabe que vai ter que acabar ligando primeiro se depender dela. É quando buquê de flores e ursinhos de pelúcia são o bastante para colocar a briga embaixo do tapete por alguns dias, mas não acabar com ela. É quando um fim de semana juntos não compensa mais a semana separados, e em todas as vírgulas dá vontade de colocar um ponto final. Existe muito em comum, mas as diferenças tornaram-se maiores e gritantes e absurdas. E elas transbordam por cada orifício de quem tenta dizer o contrário.
É quando você tem que perguntar se o outro te ama. É quando a dúvida é maior que a certeza e vira desconfiança. É quando você chora em todas as brigas por mais frequentes que sejam, porque o medo de perder, mas a vontade de separação são inversamente proporcionais.
É quando você não é levado a sério quando pede consideração, por mais que o outro saiba o quanto errou. É quando você liga pra alguém para conversar e fazer tudo ficar bem, e passa horas tentando fazer ela rir e entender, mesmo quando quem errou foi ela. Ela não gasta mais de cinco minutos para que as coisas se ajeitem. É quando você fala que está tudo bem, querendo que ela insista um pouco mais em você, e a pessoa só finge que acredita e deixa tudo por ali. No meio do caminho, inacabado. Tentando tapar um buraco que só vai ficar mais fundo se não for consertado de vez.
É quando o medo de o tempo estar passando rápido demais e de as coisas estarem ficando sérias te impede de aproveitar por completo. É quando uma pessoa só embarca em um barquinho que foi feito para dois. Falta alguém. Falta alguma coisa. É quando você percebe que está entrando sozinho em uma luta.
Porque o amor, o temido amor, é um campo de batalhas. Não é sempre flores e dengos e cheiros. O amor é turbulento. E ele foi feito com molde para dois, com lugar para dois, com convite para dois. O amor não sabe ser sozinho, não sabe ser egoísta. Ele vai te derrubar muitas vezes, pra ver se você levanta de novo e continua insistindo nele. Ele é uma eterna luta. De dois. Lutar sozinho pelo amor não é certo... Deixa de ser amor.
É quando você não sabe se está acompanhado no barco ou se a pessoa vai pular fora a qualquer hora. É quando você quer dar teu coração, mas não te oferecem nada em troca. E mesmo assim você o entrega.
Porque o amor... É quando você não tem mais motivos pra lutar, pra insistir, pra persistir. É quando o lado negativo às vezes parece maior e mais pesado e quando não há esperanças nenhuma. O amor é quando sua energia esgotou, sua paciência foi embora, suas razões para amar acabaram. Mas você continua lá, firme, lutando por ele.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Tem que perder...

O maior erro das pessoas é dar valor pra alma incorreta. É procurar, chorar, tentar explicar as 2 da manhã que só ligou pra ficar tudo bem. Pra ficar tudo bem? - é o que os errados respondem. Que bom que você ligou - é o que deveriam responder, mesmo sem entender nada. Lembra aquele dia que meu telefone tocou as três horas da manhã, desesperado? E mais desesperada era a voz que me pediu colo e compreensão, falando do pesadelo que teve. Vai ficar tudo bem - foi o que eu respondi. Não, não estava dormindo - complementei. Queria te dar conforto, e não a sensação de culpa por ter me tirado do décimo sono mesmo que eu tivesse aula no outro dia. Nunca respondi diferente disso. Muito pelo contrário. Sempre te fiz sentir em casa, até no mais estranho dos lugares. Achei que era esse o meu trabalho, o de todos. Estender a mão quando o outro precisa. Dar carinho quando a namorada liga chorando ou abraço quando te procura carente. Ela poderia estar procurando outra pessoa. Ela poderia simplesmente não te procurar. E mesmo que a única resposta que ela consiga seja a "caixa de mensagens" após seis toques no celular e sessenta no coração, ela ainda vai te procurar na próxima vez. E dai você pensa "que saco", e até opta por não atender, quem sabe por atender e ser curto e grosso. É um saco porque ela te liga. É um saco porque ela te procura. Ela é chata por ser sensível e querer que a noite termine bem. Mas vai deixar de ser um saco. Vai deixar de ser um saco e vai se tornar um vazio inexplicável quando o telefone que tocar de madrugada não for o seu. Quando outra pessoa der a ela o pouquinho de consideração que ela queria. Quando outra voz usar o mesmo tom dela pra responder, gentilmente, que vai ficar tudo bem. E todos ficaram felizes, não? Ela encontrou alguém que dá o valor que você não soube dar, ele encontrou uma mulher que vai colocar ele em primeiro lugar, e você não tem mais o "saco" pra te encher. E isso funciona tão bem na teoria. Mas saco vai ser tua vida sem ela, vai ser ensinar outro alguém a te fazer rir quando estiveres irritado. E por mais clichê que essa frase possa ser, ela nunca deixará de ser verdade: as pessoas só dão valor quando perdem. Quando outro indivíduo conquista o que era teu. E por mais que muitas vezes tenham volta, algumas simplesmente não têm. E pode ser o forte que quiser, o maduro que quiser, o grosso que quiser, mas certas coisas não têm substituição. Então não espera perder para entender que você gostava das ligações. Não espera outra pessoa entrar na tua vida e não servir no teu molde pra perceberes que ela não era tão ruim assim. Ou que ela era boa demais. E que ela faz falta. O tipo de falta que não se preenche. Quando ela te ligar, respira fundo e atende. Teu dia foi difícil, mas o dela também foi. Oferece um encontro pra ela desabafar. Ou deixa ela falar. Porque enquanto ela te liga, tem outra pessoa ligando para ela. E ela recusa as chamadas. "Quem não dá assistência, só abre concorrência". Não espere até as chamadas ignoradas serem as tuas.