terça-feira, 24 de agosto de 2010
Sumiu
Queria fazer você admitir o que sente. Tentei, tentei, mas tentei tanto que enchi teu saco. Virei um grude carente, necessitado, impossível de controlar. Eu que controlava você, quando entrava ou sair do computador, quando o celular estava desligado ou quando se desligava de mim. Esquecia, momentaneamente, dessa sua barreira interna, que não transparecia absolutamente nada, e me deixava sempre angustiada e sem a certeza do que você pensa. Como se isso me fizesse parar mesmo. Ouvia sempre que o que você estava fazendo era pro nosso bem, que queria o melhor para nós e que eu iria entender depois. Falou tanto, disse muito, e na verdade não quis significar nada. Falou sem pensar, disse sem pretender, e escorregou nas próprias palavras. Como pôde ser tão cruel? Usar expressões horríveis, dizendo coisas que sabia que iam me afetar? Tirando de mim tudo aquilo com o que eu me importava? E então me viu ali, tão pequena, tão menina, tão desesperada e desamparada... Enxergou-me tão indefesa e magoada, tão ingenuamente triste e sem pretensões de devolver-lhe as horrorosas palavras a mim dirigidas. E aí sumiu. Por horas, por dias, realmente não contei, porque não esperava seu retorno, achei que era definitivo. Juro que tentei me superar, me neguei a sofrer, fui à busca de outro alguém. Pouco me importava se você estava bem ou se iria ficar. Fosse injusto, cruel, não me preocupei em correr atrás e pedir explicações. Tentei minimizar a dor desabafando-a em textos e mais textos, detalhando seu comportamento e a saudade que por você sentia, como se não houvesse outro jeito de te trazer de volta, mas no fundo sabendo que você iria lê-los. Porque, sinceramente, alimentava uma falsa esperança de que ligasse um pouquinho ainda para mim e me vigiasse escondido. E mais rápido do que eu podia imaginar, lá estava você de novo. Veio falar comigo tão naturalmente que quando vi seu nomezinho piscando na minha tela comecei a chorar. Não sei, meu coração realmente parecia que ia pular fora. Não foi uma conversa como todas as outras; foi formal, estranha. E aí você me convidou pra sair. Inventei mil desculpas e lutando contra minha vontade não sai. Estava em estado de choque. No outro dia, veio falar comigo de novo... Dessa vez mais natural do que qualquer outra conversa. Comentei seu sumiço e você simplesmente desconversou. Chamou-me de louca exagerada. Tudo bem, porque não foi você que ficou aqui sentindo falta, sem saber que iria voltar, não é? Chamou-me para sair de novo. E lá se foram mais mil desculpas esfarrapadas. Esse medo de te ver de novo, de gostar tanto e não conseguir mais desgostar. De sentir seu cheiro, seu toque, o calor que seu corpo emite ao meu, de ficar descontrolada procurando seu beijo mais uma vez enquanto você some sem deixar explicações. Não vá embora novamente. Não me deixe sozinha nos fins de semana em que você me fazia companhia. Não minta dizendo que não gosta de mim e fazendo um buraco no meu peito, dizendo que precisa de um tempo longe de mim, que não quer me ver, que não sente minha falta. Não diga isso sem realmente pretender. Não minta dizendo que vai sumir e que isso vai ser melhor para nós. Não fale nada disso pra depois me contar que na verdade era tudo mentira. Que você prefere que eu te odeie ou não te queira do que seja apaixonada por você... Porque não tem mais tanto tempo assim pra dedicar a mim, e que vou sofrer se não tiver seu carinho e sua atenção de antes e por isso prefere sofrer e levar toda a responsabilidade do que me sujeitar à dor de alguém apaixonado. Mas deixe-me te dizer que sofro mais sem você do que apenas com um pedacinho seu. E na verdade, nunca reclamei pelo tempo. Sei que se sumir, terá seus motivos. E eu te quero, mas posso te querer todo domingo ou duas vezes por mês. Posso te querer nos seus horários vagos ou nas suas noites tão cansadas te fazendo companhia e esperando você dormir. Porque independente de quando, eu te quero. Quero-te hoje, te quis ontem, vou te querer amanhã. Quero agora, depois e quis antes. Quero pra sempre, quero enquanto dure. Mas não me impeça de querer. Deixe ser verdadeiro. Intenso. Pare um pouco, por favor, de controlar todas as situações; deixe-me sofrer se necessário, deixe-me amar se for cabível. Com meu jeito de criança, meu coração inocente. Só não suma, não vá embora – de novo.
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