segunda-feira, 12 de junho de 2017

Meu ponto de equilíbrio

Quando soube que tinha carnaval de inverno, fiquei super animada pra ir. Ele, quando soube que era à fantasia, desistiu na hora. Eu iria no show do Maroon 5 enquanto ele iria no dos Novos Baianos. Gosto de vestir preto e ele é apaixonado numa roupa colorida; e, acreditem se quiser, sou viciada em sushi e ele não consegue ver na frente. Eu sou 100% emoção e ele 110% razão. Enquanto sou a louca que fala alto, é um livro aberto, sorri pra tudo e para pra fazer carinho em qualquer cachorro que encontra, ele é sério, fechado, irônico e adora um álcool gel pra passar nas mãos.
Acontece que esses dias peguei ele agarrado na minha cachorrinha (que é uma akita de 30 kg e de "inha" não tem nada), jogado no chão com ela. Mesmo sabendo que ela provavelmente estava suja e que solta pelo feito louca, lá estava ele. Cheio das manias, abrindo mão de algumas delas, fez meu corpo arrepiar. Eu, que adoro um moletom e sou a favor do conforto, me flagrei indo toda-arrumadinha de salto jantar no restaurante preferido dele. E gostando disso. Eu, que sou brava e tenho a mania feia de gritar em discussões, agora penso duas vezes antes de brigar com ele. Prometi que faria jus a toda aquela calmaria e paciência que ele tem comigo. Me esforço. E ele experimentou polvo, lula e até sushi mais de uma vez por mim. Me jura de pé junto que vai aprender a gostar pra poder me acompanhar. Mas, mesmo que não goste, sempre aparece de surpresa com vários sushis pra me agradar. E eu morro de amores.
Ele se tornou também emoção e me ensinou a ser um bocado de razão - na hora certa. Passou a usar mais preto e eu a usar até estampa floral. Baixei o álbum dos Novos Baianos e do Costa Gold pra aprender a cantar as músicas que ele gosta e ele canta comigo os sertanejos mais bregas da história que eu insisto em ouvir. Nunca achei que fosse ver ele daquele jeito, sorrindo como um menino de cinco anos, toda vez que a gente canta (grita) as músicas no carro. Até fazendo dueto (sério!). Ele é provavelmente o cara mais metódico e regrado que já conheci e eu sou completamente o oposto. Não sei organizar nada, não sei chegar no horário, não consigo me programar. Tem que ser tudo na hora, do jeito que dá, da forma mais espontânea possível. E isso tinha tudo pra deixar ele louco e entender que comigo não ia dar - mas deu. Deu muito melhor do que a gente um dia pensou que podia dar. Não sentimos raiva das diferenças (só às vezes, né), mas aprendemos com elas. Cresci, amadureci e desamadureci ele um pouco também. 20 e poucos anos com uma alma velha que nunca vi igual. E agora anda até tomando uns porres comigo e tentando ser um pouco mais de mim, enquanto me transformo um pouco mais nele.
 Uns dizem que o amor é feito de semelhanças, outros que são os opostos que se atraem; mas não há nada que supere um equilíbrio leve. E nele eu encontrei muito mais do que gostos iguais ou manias diferentes; encontrei reciprocidade e abertura pra ser exatamente quem eu sou, enquanto equilibramos quem a gente é. Juntos.