segunda-feira, 12 de junho de 2017

Meu ponto de equilíbrio

Quando soube que tinha carnaval de inverno, fiquei super animada pra ir. Ele, quando soube que era à fantasia, desistiu na hora. Eu iria no show do Maroon 5 enquanto ele iria no dos Novos Baianos. Gosto de vestir preto e ele é apaixonado numa roupa colorida; e, acreditem se quiser, sou viciada em sushi e ele não consegue ver na frente. Eu sou 100% emoção e ele 110% razão. Enquanto sou a louca que fala alto, é um livro aberto, sorri pra tudo e para pra fazer carinho em qualquer cachorro que encontra, ele é sério, fechado, irônico e adora um álcool gel pra passar nas mãos.
Acontece que esses dias peguei ele agarrado na minha cachorrinha (que é uma akita de 30 kg e de "inha" não tem nada), jogado no chão com ela. Mesmo sabendo que ela provavelmente estava suja e que solta pelo feito louca, lá estava ele. Cheio das manias, abrindo mão de algumas delas, fez meu corpo arrepiar. Eu, que adoro um moletom e sou a favor do conforto, me flagrei indo toda-arrumadinha de salto jantar no restaurante preferido dele. E gostando disso. Eu, que sou brava e tenho a mania feia de gritar em discussões, agora penso duas vezes antes de brigar com ele. Prometi que faria jus a toda aquela calmaria e paciência que ele tem comigo. Me esforço. E ele experimentou polvo, lula e até sushi mais de uma vez por mim. Me jura de pé junto que vai aprender a gostar pra poder me acompanhar. Mas, mesmo que não goste, sempre aparece de surpresa com vários sushis pra me agradar. E eu morro de amores.
Ele se tornou também emoção e me ensinou a ser um bocado de razão - na hora certa. Passou a usar mais preto e eu a usar até estampa floral. Baixei o álbum dos Novos Baianos e do Costa Gold pra aprender a cantar as músicas que ele gosta e ele canta comigo os sertanejos mais bregas da história que eu insisto em ouvir. Nunca achei que fosse ver ele daquele jeito, sorrindo como um menino de cinco anos, toda vez que a gente canta (grita) as músicas no carro. Até fazendo dueto (sério!). Ele é provavelmente o cara mais metódico e regrado que já conheci e eu sou completamente o oposto. Não sei organizar nada, não sei chegar no horário, não consigo me programar. Tem que ser tudo na hora, do jeito que dá, da forma mais espontânea possível. E isso tinha tudo pra deixar ele louco e entender que comigo não ia dar - mas deu. Deu muito melhor do que a gente um dia pensou que podia dar. Não sentimos raiva das diferenças (só às vezes, né), mas aprendemos com elas. Cresci, amadureci e desamadureci ele um pouco também. 20 e poucos anos com uma alma velha que nunca vi igual. E agora anda até tomando uns porres comigo e tentando ser um pouco mais de mim, enquanto me transformo um pouco mais nele.
 Uns dizem que o amor é feito de semelhanças, outros que são os opostos que se atraem; mas não há nada que supere um equilíbrio leve. E nele eu encontrei muito mais do que gostos iguais ou manias diferentes; encontrei reciprocidade e abertura pra ser exatamente quem eu sou, enquanto equilibramos quem a gente é. Juntos.

domingo, 31 de julho de 2016

Tem gente que fica

Não sei se um dia vou ser capaz de superar todo o amor que senti. O amor de uma vida inteira compactado em alguns anos. Amor de loucura, festas, brigas, encaixes, experiências. Muitas experiências. Com certeza nunca vou conseguir superar a sensação de te encontrar tantas vezes batendo de surpresa na porta da minha casa. A barriga revirando, o coração acelerado, o coquetel de sentimentos bons. Minha cara de desacreditada e a sua de felicidade costumavam formar o casal mais simpático do universo. Era muito certo.
Era tão certo que vai ser difícil deixar pra lá as lembranças que tenho no meu quarto, na casa de praia, até mesmo as que ficaram nos meus cachorros. Tudo nessa cidade lembra você, em cada canto, em cada cheiro, em cada amigo. Você ficou nos óculos que mais gosto de usar, na almofada que durmo agarrada toda noite, na calcinha rosa de renda que te arrancava o sorriso mais espontâneo que já vi. Você ficou na minha família, nas conversas, na lua cheia que costumávamos admirar.
Tive duas semanas pra fazer minhas malas. Deveria levar só o necessário. Não consegui fazer. Elas ficavam lá, abertas, esperando preenchimento, enquanto tudo que eu depositava nelas era medo. Medo do novo, do desconhecido, das experiências que, dessa vez, não seriam ao seu lado. Deu muito, muito medo.
Só as arrumei um dia antes de partir. Pensei tanto no que levar que acabei levando pouca coisa. Não queria que você se mudasse comigo, nem mesmo na almofada, nem na calcinha, muito menos naquele seu moletom cinza que já era praticamente uma extensão minha de tanto que eu usava. Não levei. Não trouxe você em nenhum sentido.
Uma semana antes de me mudar, resolvi te causar o mesmo reboliço na barriga que você me causava. Apareci na sua porta sem avisar, levando comigo só meu coração. E apesar de todas as dúvidas que eu também tinha e de todos os medos que me corroíam, eu fui lá tentar. Fui lá te oferecer, uma última vez, o amor que - a gente sabe - ninguém mais vai poder dar. E seria ótimo se só amor bastasse. Seria perfeito se as almas se alimentassem só disso. Porque então viveríamos eternamente satisfeitos. Mas o amor é combustível apenas. E todo meu combustível deixei com você, porque também não queria levar mais comigo. Então lavei minhas mãos, ergui a cabeça e aceitei a mudança. A mudança que veio em tantos sentidos diferentes que faria qualquer um se perder. Mas eu me encontrei. E me encontrei sem você.
Não te trouxe na mala, não te quis mais na cabeça e deixei todo meu amor esparramado pela tua cidade. Mas algumas coisas sempre ficam, independente de onde estivermos. A lua que brilha aqui, nesse lugar novo, é a mesma que brilha aí, da janela do teu quarto. No fundo, espero que a gente nunca perca essa mania de a admirar. Mesmo que longe e separados, mesmo deixando o outro ir embora, tem coisa que fica. Tem gente que fica. Tem lembrança que fica. Mas existem amores que se vão.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Nosso canto

Eu espero que você consiga encostar a cabeça no travesseiro e dormir pacificamente a noite inteira - mesmo sem receber um boa noite. Espero que você fique aliviado sem ter alguém sempre falando no celular e sem obrigação de viajar quase todo fim de semana. Eu espero, de verdade, que outros sorrisos causem o teu e que encontres um porto seguro em outras pessoas. Que a saudade não te machuque, que a falta não te corroa, que a ausência não faça diferença. Eu espero que você siga como se a gente nunca tivesse acontecido - ou que tenha sido apenas um tempo bom. E que acabou.
Eu vou sentir falta da barba mal feita roçando no meu pescoço e particularmente entre as minhas pernas. Vou sentir falta de brigar pra ver quem ficava atrás da conchinha na cama e de acordar de madrugada procurando teu corpo mesmo sonâmbula - e encontrá-lo procurando o meu também. Eu vou sentir falta de inventar mil receitas lights ou gordas, só pensando em cozinhar pra ti. Teu cheiro, mesmo sem perfume, tua voz rouca no meu ouvido, tuas mãos gigantes me cobrindo. Vou sentir falta de passar mal toda sexta feira esperando ansiosa você chegar. Nosso amor - de todas as formas que ele existiu - vai me deixar um buraco irreparável. Amor como esse a gente só encontra uma vez na vida.
Então obrigada por ter sido o meu. Obrigada por ter me mostrado que amar é lindo, puro, eterno. Que quando é recíproco, é perfeito: você me bastava. Você é o amor da minha vida. E tudo que eu desejo é que você encontre o amor da sua também. E que ele seja tão forte e grandioso quanto é o que eu sinto. Desejo que esse amor seja mútuo e tão verdadeiro que você consiga aceitar a pessoa inteiramente do jeito que ela é, sem ter que mudar nem uma vírgula. Que você ame seus defeitos, suas qualidades, sua risada de porquinho, sua cara de sono, seu rosto com maquiagem e mais ainda sem, seus pés gordinhos, sua cara de manha, seu corpo com ou sem curvas; até mesmo as coisas que você achou que jamais poderia amar. Desejo que você a ame, apesar de ter coisas que você não concorda - e que essas coisas sejam minoria e morram quando comparadas a todo o resto. Que você aceite seus ciúmes (afinal, como não ter ciúmes de você?), seus medos, seu passado e a insegurança dela com o teu passado também. Que ela seja linda - principalmente aos teus olhos - e que você a veja exatamente como eu te vejo. Porque isso que eu sinto é lindo demais pra conseguir desejar algo que não tua felicidade. Até porque sou feliz quando te vejo feliz, então estarei sempre na torcida. Que você encontre sua felicidade em outro canto, mesmo tendo feito morada aqui. Sua casinha estará sempre te esperando, pra quando você perceber que não há canto melhor do que o nosso. Quem dirá amor.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Nada mudou

Eu só queria dizer que ele causa inspiração demais em mim. Depois desses anos, ele ainda causa. Só queria dizer que o tempo passa, mas o que não passa são as borboletas no estômago me socando de dentro para fora, implorando para que ele chegue logo e depois barganhando para que ele nunca mais se vá. Qualquer minuto que ganho a mais com ele já é vitória. E eu sempre ganho, ele sempre cede, nos atrasamos para o ônibus, mas damos sempre mais um beijo, mais um abraço, sussurramos mais um "eu te amo". E não importa quantas vezes ele diga essa frase, todas elas me elevam e me envolvem e me matam de paixão. Saber que a pessoa que você mais amou na vida te ama de uma forma mútua é simplesmente indescritível.
Os olhos dele não têm uma cor definida, cada hora, cada local, em cada luz é diferente. No sol, são mais verdes do que os meus. O tempo inteiro são mais lindos do que os de qualquer outra pessoa. Ele é simplesmente espetacular.
E de ser tão simples, ele é tão tudo, tão lindo, tão mágico. Quando digo que quero três filhos, apesar de ele querer só dois, diz que faria qualquer coisa pra me fazer feliz. E ele faz. Faz mesmo. Achei que era só coisinha boba que todo homem fala pra encantar e descartar as mulheres, mas ele faz tudo pra me fazer feliz. E faz questão de explicar que a única coisa que pretende descartar é o nosso passado imundo e irrelevante, porque ele quer mesmo o meu futuro. O meu presente. E não cansa de repetir isso toda vez que eu sinto medo, insegurança ou fraquejo. Ele simplesmente não cansa de me provar isso.
E eu que sempre fui tão independente e tão displicente e tão desconfiada, entreguei meu mundinho todo de uma vez só na mão do desconhecido mais charmoso que já havia visto. Ele faz tanto jus a isso que me faz sentir as coisas mais lindas e quentes da vida. Eu o faço esquentar e queimar e explodir de tantas formas diferentes que já até perdi a conta...
Aprendi a melhorar, a improvisar, a respirar fundo nas situações difíceis. Aprendi que amar é tropeçar, fraquejar, cansar, chorar, repensar, sentir medo, meditar, sentir saudade, até sentir dor, mas nunca desistir. Amor de verdade é aquele que às vezes nos cansa, às vezes testa nossa paciência, às vezes machuca, mas nunca nos abandona. Não significa que você nunca vai pensar em terminar ou que nunca vai chorar ou que as brigas não serão feias, significa que no final nada disso vai importar.
Ele estará lá, te esperando na porta de casa, com os braços abertos e o coração escancarado, sabendo que nada mudou.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Contei pra ele

Ele diz que sou perfeita mesmo sabendo de todos os meus defeitos, que não são poucos. Ele ri quando eu espirro e acha o máximo quando faço cara de birra e escondo meu rosto entre as cobertas. Ele me pega no colo como se eu pesasse o mesmo que uma pena e não cansa de dizer que, se pudesse, me carregaria a vida toda no colo, pra ficar o mais perto possível dele. Hoje, brigamos no telefone pra ver quem desligava primeiro. Nenhum dos dois queria desligar. O que sempre pareceu tão ridículo tornou-se tão bonito...
Ele segura minha mão em qualquer lugar - nas festas, na rua, no carro e até na missa. Nas pouquíssimas vezes em que fui, ele segurou minha mão. E a sua mão dá quase duas da minha e meus dedos ficam doloridos de tão espaçados, mas é a minha vez de nunca cansar: seguraria sua mão pelo resto da vida.
Demorou, mas finalmente falei. Contei pra ele que dividiria uma cama de solteiro pra sempre com ele, que estava querendo acordar com aquele sorriso do meu lado todos os dias da minha vida, que eu aceitaria ter três filhos com ele mesmo sem ele nem ter pensado nisso ainda e que casar na praia seria demais, mas que eu queria também entrar na igreja com um vestido lindo de morrer arrastando no chão. Eu contei pra ele qual o nome que queria dar pra nossa primeira filha, falei que não me importaria de brigar em todas as viagens pra ver quem vai dirigir nosso carro, acabei desabafando sobre como eu imaginava nossa casa de praia, nossa lua de mel, nossas fugidas durante o trabalho. Eu olhei pra ele e disse que tinha certeza que jamais cansaria daquela risada leve, gostosa e contagiante, contei que queria mudar de cidade pra ficar mais perto dele e que já havia feito os cálculos pra ver a probabilidade dos nossos filhos nascerem com olho claro. Mas desde que eles se parecessem com ele, tivessem sua beleza, seu caráter, sua integridade, seu sorriso, seu bom humor... Eu nem ligaria pra cor dos olhos. Eu disse pra ele que dois anos não era nada perto do que eu queria passar ao lado dele, mas falei tudo meio vomitado, pra não dar tempo de desistir no meio, pra ver se ele não entende nada e eu tenha chance de pensar duas vezes.
Ele sorriu e, mesmo sabendo dos meus defeitos, mesmo sabendo que eu erro e tropeço e falo rápido demais, disse que também imaginava tudo assim, exceto pela filha que tinha que ser igualzinha a mim.
Eu não entendo o que ele viu em mim, mas eu sei exatamente tudo que vejo nele. Ele sabe que volto atrás quando sou contrariada e que morro de ciúmes de todo mundo, e mesmo assim me quer por inteira. Ele sabe que faço manha sem motivo e fecho a cara só pra ele me mimar, e mesmo assim ele adora isso. O homem que eu jurava que não merecia, me fez pela primeira vez a mais merecida da vida. Difícil é encontrar algo nele que eu não consiga amar, enquanto antes amar era o problema. Ele é apenas solução.

sábado, 24 de maio de 2014

Não foi amor à primeira vista

Quando o vi pela primeira vez, bem, faltou ar. Admito. O casaco amarrado em volta do pescoço e o cabelo irritantemente um pouco maior do que deveria e o sorriso impecável de quem só queria ser gentil. Eu passei a noite toda pensando nele e entrei em casa gritando pros meus pais: conheci o amor da minha vida!
Não foi amor à primeira vista. Certamente, não. Foram várias coisas; pensamentos e sentimentos e sensações estranhas. O tempo passava rápido e tudo ia acontecendo meio torto, meio errado, mas sempre fazendo sentido. Sempre me fazendo sentir. Mas não foi amor à segunda vista.
Quando ele me beijou pela primeira vez, mesmo eu estando relutante para tentar parecer difícil, explodiu algo dentro de mim que me fazia querer chorar e gritar e abrir os braços pra me entregar. Não era amor. Era tudo: o fato de se encaixar tão bem, de acontecer com tanta facilidade, de parecer tão certo. Eu só queria continuar ali, pra sempre; apesar disso, saí correndo.
Ele me ligou, veio atrás, me beijou pela segunda vez. No carro, em cima da mesa, no colo dele contra a parede. Eu respondi reciprocamente da forma mais intensa que consegui.  Só não me entreguei porque, bem, ainda não era amor. Não foi amor nem à terceira vista.
Eu liguei pra ele, corri atrás, senti a vontade mais absurda do mundo de me entregar ao desconhecido que não despertava amor, mas despertava todas as melhores sensações que eu conseguia imaginar. Eu queria ligar pra ele todo dia, então eu ligava, sem mistério, sem jogo, sem bagunça. A bagunça vinha quando a gente se encontrava.
Ele virou, literalmente, meu mundo de cabeça pra baixo. Tudo isso sem amor. Nem à quarta vista. Nem quinta, sexta, sétima. Eu olhava pra ele e meu peito explodia cada vez. E cada vez mais. E cada vez melhor. Eu não sentia necessidade de o amar. Eu nem queria.
Esquentou, esfriei, queimou, eu fugi, eu voltei, eu me entreguei. Toda. E não era amor. Nem meu nem dele. Não era amor, mas pouco nos importava, era algo muito mais divertido e atraente e elegante. Era novo e totalmente sincero. Nossos corpos se falavam como se nossas bocas não conseguissem expressar tudo. E nem tinha o que expressar porque não era amor.
Eu errei. Eu menti, e depois voltei e chorei e implorei, sem ele nunca saber que havia mentido. Compensei meu erro, culpada, apesar de não ser amor. Apesar de não ser namoro. Apesar de não ser nada além de entretenimento e tesão e distração. Talvez paixão...
Ele me aceitou sem saber meu erro, me aceitou depois de saber do meu erro e continuou me aceitando eternamente - sem ter amor. Nem na vigésima vez foi amor. Era leve e espontâneo, um procurava o outro sem pesar as consequências, sem pensar duas vezes, sem esperar o outro ligar primeiro. Dava vontade, batia saudade, eu ligava. A gente ligava, no começo, duas ou três vezes por semana. Passou a ser todos os dias. E depois todas as horas de cada dia. Eu o procurava, e cozinhava pra ele, o mimava, ríamos até a barriga doer e depois nos entregávamos um ao outro pela terceira ou quarta vez no mesmo dia. Incansavelmente.
Mas não era amor. Pela centésima vez, não era amor.
E não ligava se ele saía todo dia, se via outras mulheres, se encontrava outros olhos por aí. Eu gostava de tê-lo sem preocupação nenhuma, sem compromisso, e era sempre tudo recíproco. Intenso. Lindo.
Um dia eu acordei do seu lado, rindo, recebendo um beijo na testa com a cabeça apoiada em seu peito. Me assustei. O enxotei. Não era amor, de jeito nenhum.
Mas ele nunca rejeitava ou deixava cair na caixa postal uma ligação minha, respondia minhas mensagens, matava minha vontade a qualquer hora do dia. Ele me ligava e deixava de ligar pra qualquer outra pessoa e ignorava seu celular quando estava comigo; aos poucos percebi que ele ignorava também quando não estava comigo, menos quando era eu ligando. Eu sorria.
E quando os outros não nos importavam mais, e a gente chegava ao êxito, e você queria dormir comigo ao invés de me levar até a porta... Bem, acho que foi aí que passou a ser amor. Não foi à primeira vista, nem à segunda, e na verdade nem foi com os olhos. A gente se amou porque se sentia, se precisava, se queria. A gente se amou porque ninguém encaixava melhor no meu molde, porque ninguém te tirava mais do sério do que eu, porque nenhum beijo na vida se encaixou na primeira vez tão bem quanto o nosso. A gente se amava porque não precisava se amar, não havia necessidade. Nos amávamos pelos simples fato de que estarmos juntos era melhor do que separados e que não precisamos de um compromisso pra isso. Diferente de tudo anteriormente, o amor aconteceu antes, no meio e depois de nós, sem sabermos quando ele chegou ao certo, tendo a certeza de que ele não vai embora. Ele aconteceu porque o amor, quando tem que acontecer, acontece. Sem pressão, sem força, sem pressa. Apenas porque precisa acontecer.

domingo, 30 de março de 2014

Só com você

Você me perguntou inúmeras vezes o motivo de eu não escrever sobre você. Queria saber, insistentemente, o porquê de eu ter feito tantos textos para os outros e quase nenhum para você. Bem, aí está sua resposta. É quase uma maldição. Quando você começa a sair pela minha boca, eu começo a sair pelo seu coração. Começa a dar tudo errado.
É por isso que evitei tanto tempo te pôr nas minhas palavras escritas. Eu gosto mesmo é de escrever do que já passou, do que já deu errado. Até do que anda dando errado. E é por isso que agora você está aqui, por livre e espontânea vontade minha. Porque está tudo dando errado.
Eu queria poder voltar atrás e apagar tudo que já escrevi para você, independente de terem sido poucas coisas. Queria poder voltar atrás e desfazer todos os meus erros e todas as minhas mentiras, que talvez não tenham sido tão poucos. Esperava que o tempo e todo esse sentimento pudesse lavar e levar embora o passado, te fazendo me perdoar por não ter acreditado em você desde o primeiro minutos juntos. Eu não tinha como saber. Não tinha como te conhecer em tão pouco tempo.
Felizmente, as coisas mudaram de um tempo pra cá. De um ano pra cá. Não que não sejamos ingênuos e infantis, mas com certeza não somos mais tanto. Foi um dando pezinho para o outro que escalamos essa jordana juntos. Agora é difícil voltar lá pra baixo cada um por si.
"Difícil, mas não impossível", foi o que você me disse. E você realmente pensa dessa forma? Ou quer me atingir com todas as armas que o mundo possa proporcionar? Porque se for isso, eu te perdoo. Te perdoo e ainda te ajudo a me matar aos poucos, desde que isso te traga de volta. Não por inteiro, apenas um parte pequeninha sua. O resto eu garanto que dou um jeito, te convenço, te conquisto de novo e de novo e mais uma vez. Eu não me cansaria de você nem que tivesse que fazer isso todos os dias, pro resto da vida.
E pensando bem, não é uma má ideia. Infelizmente preciso do seu consenso pra isso. Preciso que você queira ser amado e conquistado todos os dias. Eu te provaria todo meu amor e te faria sentir no lugar mais seguro do mundo. Exatamente como você faz comigo.
Talvez assim eu não precise mais te pôr nos meus textos, te pôr pra fora, te expor pros outros. Talvez assim eu possa só te pôr pra dentro, de todas as formas. Possa te manter perto de mim.
Eu não tenho certeza do que to falando porque é a primeira vez que me sinto assim. Não sei se é burrice, falta de experiência ou cegueira causada pelo amor, mas nesse momento te prometeria qualquer coisa que você me pedisse, menos ficar longe. E só não prometo isso porque não consigo. Não dá.
Mas todo o resto, bem, eu me esforçaria. Menos ficar longe, porque além de não conseguir, eu também não quero. De jeito nenhum. Você é a luzinha que apareceu no fim do meu túnel e me mantém em movimento. Parar agora seria terrível. Não dá, sabe?
Sei que as coisas andaram meio difíceis ultimamente, mesmo antes dessa última explosão. Sei que estava tudo meio torto, meio desgrenhado, que cada um pensava em soltar o seu lado da corda, mas ninguém o fez. Não o fizemos porque seria triste demais largar a corda e ver o outro caindo do outro lado, afinal, te ver se machucar simplesmente me machuca muito mais. Eu não largaria a corda.
Se você largar a corda... Bem, daí a decisão é toda tua. Vou ficar esperando você voltar pra restaurar o balanço, o equilíbrio. Se for preciso, seguro as duas pontas por um tempo, segurando a barra pra nós dois. Te dou o tempo que for necessário.
E olha que paciência nunca foi o meu forte. Sempre preferi estourar e jogar tudo pro alto. Mas com você dá medo de jogar pro alto e não voltar. Ou jogar pro alto e voltar em muitos pedacinhos e eu não conseguir catar todos eles de novo. De ficar faltando alguma coisa. Dá medo de tudo que não nos pertence nesse momento.
A única coisa que me dava medo e agora me faz sonhar, é o futuro. Você me ensinou que o futuro é lindo se pensado da maneira correta e do lado da pessoa certa. Do amor da minha vida. E agora eu consigo pensar no futuro. Difícil mesmo é não pensar nele.
Mais difícil ainda de não pensar, é em você. Mesmo em meio a turbulências e buracos e erros e uns 800 km de distância, é literalmente impossível não pensar em você. Como a gente esquece quem mais se ama?
E se um dia te prendi, foi por medo de te deixar partir. De te ver partir. Então eu te prendia para que você ficasse embaixo da minha asa, sem chance nenhuma de partir. E olha lá agora, você partindo, mesmo eu te prometendo toda a liberdade do mundo...
Nesse momento não sei o que falar pra te fazer mudar de ideia. Talvez nenhuma palavra no universo te faça mudar de ideia. Então deixa eu acariciar teu cabelo, te fazer um cafuné, encher teu corpo de beijinhos e me enfiar embaixo dos teus braços pra fugir do frio. Deixa eu ir até aí, sofrer horas de viagem, chorar até a última gota e prometer tudo o que você já sabe. Deixa eu te provar, mais uma vez - porque eu sei quantas vezes já te provei isso - o quanto você pode confiar em mim. Não podia antes, mas agora pode. Há muito tempo. Deixa eu te provar que confiança demora, mas se restaura, se recomeça, se refaz. Demora, é difícil, mas como você mesmo disse "difícil, não impossível". Deixa eu tentar te fazer por mais um dia o homem mais feliz do mundo, com minhas comidas meio sem sal e minha massagem com as mãos pequeninhas, com meu corpo te amando insistentemente, com meu coração sangrando e explodindo por você. Por tudo isso que você o causa.
E como eu te disse: nunca senti nada assim. Coisas tão boas ou tão ruins. Meus desesperos nunca foram tão grandes; quando você não atende o celular por horas eu choro de preocupação, quando você vai mal numa prova me encho de culpa, quando você chora eu sinto vontade de morrer. Tudo que te atinge me atinge muito mais. Se eu pudesse te proteger de todo o mal do mundo, eu seria teu maior escudo, apesar de ser minúscula. Me transformaria pra e por você.
E não posso garantir que seria ou vou ser a única a fazer tudo isso. Você é digno disso e muito mais. Muitas se matariam pra estar no meu lugar e fariam o mesmo. Só que eu gosto quando você pensa que eu sou a única mulher que existe capaz de abrir mão do seu verão e viajar horas pra ficar com você por uma noite. Eu amo quando você diz que não me merece, apesar de eu não te merecer, e gargalha quando morro de ciúmes por te achar o homem mais lindo e espetacular do mundo. Amo como você valoriza tudo que eu faço, mesmo que às vezes nem eu mesma tenha percebido. Amo cada pedacinho seu, absolutamente tudo em você. Como sempre dissemos um para o outro, o que temos é único. Ninguém entende porque ninguém tem. Jogar tudo fora seria patético, até mesmo pra nós. Então nos agarramos ao amor, eu me agarro a ele, esperando que tudo permaneça assim. Esperando que eu tenha a chance - talvez outra - de te merecer.
E pronto, cá está você, em um dos meus maiores textos! Que decepção. Quem sabe você muda aquela história de que nos meus textos só está o futuro passado. Porque quero você no passado, contanto que esteja no presente e no futuro também. Quero ainda me inspirar em você pra muitas outras coisas. Quero ser tua eterna inspiração, amor. Amor.