terça-feira, 29 de março de 2011

Sem indiretas


Disseram-me uma vez que é fácil seguir em frente, que o difícil é não olhar para trás; que espiar o passado é sofrer duas vezes. Que eu deveria parar de idealizar o amor em vez de encontrá-lo, porque às vezes ele é só uma escolha e não sempre um raio que vai cair do nada. Falaram-me que o amor... Que talvez o amor verdadeiro seja só uma decisão - decisão de correr algum risco com alguém.
Cheguei à conclusão de que para ter qualquer mínima chance no futuro - seja no amor, seja comigo mesma -, eu tinha que perdoar, esquecer, apagar... Eu tinha que fazer as pazes com o passado. E precisava de tempo pra isso, muito tempo. Precisava que fossem pacientes comigo, enquanto eu batalhava internamente procurando o remédio pra sarar todas as ferias que estavam dentro de mim. Bem, ninguém havia demonstrado tal paciência até você. Mas não, não quero falar sobre você. Pelo menos não agora... E espero que nunca queira. Porque, sabe, meus textos são sempre falando daqueles que me magoaram e deixaram saudade. Não quero isso pra nós. Se for pra sentir saudade, que seja apenas por alguns dias e eu te encontre segurando um buquê de flores no nosso reencontro. Não preciso colocar você em palavras, não quero. Guardo isso para aqueles que estão ou pretendo deixar no meu passado. Quanto a você... Está perfeito no meu presente.
Sempre soube da verdade, ela é tão óbvia. Ela está escancarada, fazendo com que eu lembre todo dia de que a realidade é que entreguei meu coração há muito tempo e nunca o recuperei de volta. E não importa quantos dias, meses ou anos se passem diante dos meus olhos, a certeza de que será sempre assim já se mudou e instalou no meu peito. No lugar onde costumava morar meu coração. Talvez seja esse o raciocínio mais lógico para entender o porque de não conseguir me entregar a mais ninguém. O porque de ter deixado tantos corações partidos após perder o meu.
Não sei se os fins justificam os meios, ou os meios justificam os fins. Eu sei que o fim nunca é bom; caso fosse, seria o começo. E que eu não preciso ter trinta, quarenta ou cinquenta anos para ser madura; muitas vezes as lições de vida trazem mais maturidade do que os anos.
Por último, só queria registrar uma dica para todos os homens: "Quando achar uma mulher boa demais para você, case com ela."

quarta-feira, 23 de março de 2011

Dica

Se querer fosse poder, eu poderia muito. Esqueceria amores que sei, infelizmente, que são inesquecíveis. Que vão arder sempre no meu peito, por menor tensão que causem, cada vez que eu ouvir seus nomes. Se eu pudesse... Eu gostaria mais de pessoas que gostam muito de mim, e menos daquelas que não gostam tanto assim. Porque, sabe, depois de algum tempo nós chegamos a conclusão de que sofrer é desgastante. Que pode ser um pequeno desafio, uma forma de nos fazer continuar no jogo só para conseguir aquilo que não nos é dado nas mãos, mas mesmo assim, às vezes - na maioria das vezes -, não vale nem um pouco a pena. O ser humano tem essa mania irritante de não gostar do fácil, de querer sempre o difícil. Mas...
Mulheres: Se ele não gosta de você, se fica com outras na sua frente, se diz que não está "pronto" para um relacionamento, se fica com você e com outras ao mesmo tempo, se está claramente te enganando, iludindo, mentindo, fingindo, prometendo e não cumprindo, ou não tão claramente assim... Bem, ABRA MÃO. Deixe-o ir! Pare de correr atrás porque tem gente que é caso perdido. E hoje em dia, a maioria dos homens são. É o seguinte: "Se você ama alguém, deixe-o livre. Se ele voltar, é seu. Se não, nunca foi." Resumindo... Não. Sofra. Por. Quem. Não. Gosta. De Você. Tenha amor próprio.
E por mais diferente que seja de qualquer outra coisa que eu já escrevi, hoje cheguei a conclusão de que perdi muito tempo com essa bobagem de sofrimento. Olhando pra trás, depois de algum caminho andado, vi que cometi erros que agora parecem inaceitáveis pra mim. Mas é bom. Rir do que passou significa que eu superei. E superar é a linha final, um passo da felicidade. Mas até chegar essa linha, cada um faz sua estrada, toma suas direções e escolhas, faz o que bem entende. Eu só queria registrar: se ainda estão fazendo suas escolhas, se ainda tem a chance de optar, então não escolham o sofrimento, a humilhação, porque nenhum homem merece isso. Pensem nisso.
"Ninguém merece tuas lágrimas, e quem as merece não te fará chorar."

sexta-feira, 18 de março de 2011

Ironias do amor


Se eu ainda amo?
Ah, querido, não me restam dúvidas quanto a isso. Eu amo sim, e muito. Nunca soube demonstrar, falar, nem sequer explicar meu amor em palavras. Mas você o via só de me olhar, só de sentir meu corpo arrepiar com teu toque. Se eu ainda amo o arrepio que você causava? Sim, é claro que sim. Ele não é um porcento sequer das infinitas lembranças que tenho com você, de você, de nós. E é aí que está todo o meu amor.
Eu amo cada lembrança nossa, todos os erros que cometemos, todos os acertos inclusive. Amo quando você me olhava demoradamente e minha pele queimava em cada centímetro que seus olhos alcançavam. Eu amo, ainda amo, as memórias que guardo - os momentos, as brigas, a pausa para o amor. Nunca deixei de amar essas coisas, nunca deixarei.
Eu amo "nós". Eu nos amo. Juntos, separados, sempre infalíveis. Não só amo, mas admiro, o que se passava entre a gente. Aquele amor todo. Era amor, eu sei que era. Um amor diferente. Que não teve outro igual, nem terá. Amo termos sido tão excêntricos. Sinto por não termos sido nada mais concreto do que isso.
Mas qual parte é novidade para você? Repeti o que você já sabe, em resposta à sua pergunta. Sua pergunta tão óbvia, tão ridiculamente óbvia. Pois é claro que eu amo. Amor é o que não falta aqui. Eu amo o meu passado, eu amo o nosso passado. Eu ainda amo TUDO que pertenceu a nós dois, eu ainda amo NÓS DOIS.
Eu apenas não amo mais você.

quarta-feira, 9 de março de 2011

E se não é amor...


Novamente, lá estava você me fuzilando com aqueles olhos de cor indefinida. Olhando-me de cima à baixo, como se já não conhecesse muito bem, e melhor do que todos, meu corpo inteiro. A intensidade do teu olhar ainda me trazia vertigens, fazia minha mente delirar e desejar você. Ah, sim, essa sensação de novo. Conhecia-a tão bem.
O que era aquilo eu não sei. Na sua cabeça se passavam coisas indecifráveis, que nem você sabia explicar. E também não fazia questão de tentar. Deixava-me na dúvida. Cruel.

Mas, querido, eu te conhecia. Eu te lia, como um texto; lia você por inteiro. Satisfazia-me saber que te incomodava ver todos aqueles homens perto de mim. Perto demais, na sua opinião. Você queria ser um deles e poder substituir todos. Queria estar lá comigo, sendo único pra mim. Mas não admitia. Nunca, jamais, deu o braço a torcer. Nunca vi sua cara à tapas por mim. E nem por ninguém.

Eu sempre disse que uma hora ou outra você ia ter que largar esse escudo, essa máscara toda. Eu estou aberta. Ferida, exposta, aberta. Para você.

E apesar de ninguém ter recusado, ignorado, não-desejado isso, você não conseguia. Não conseguia olhar no fundo dos meus olhos e dizer o que queria dizer. Por mais que eu sentisse aquilo pulsando das suas veias, chegando em mim pelo seu calor, jamais ouvi de ti.

Se foi falta de coragem, pouco me importa. Se foi falta de maturidade, pouco me importa. Tua covardia e tua infantilidade te tornaram o homem que você é hoje. Sozinho. Amargurado. Arrependido. Ainda sinto tudo isso vindo de ti, sem precisar de palavras. Nós nunca precisamos de palavras.

Nos entendíamos tão bem, nos completávamos perfeitamente. Jamais outro corpo irá encaixar no teu abraço tão magistralmente, ninguém vai servir pro meu molde tão bem quanto você. Não precisávamos ser comuns ou convenientes. Apenas sinceros. Mas nem isso soubestes ser.

Sou curiosa, somente isso. Vim atrás de respostas, explicações. Pois não me conformo em ver um sentimento transbordar por casa orifício de um corpo mas não ser colocado pra fora em palavras. Eu preciso dessas palavras. Preciso ouví-las. Preciso que sejam admitidas. Não para ficarmos juntos, não para tentar te convencer - mais uma vez, fracassadamente - de que posso te fazer feliz. Não, hoje não preciso mais disso. Quero ouvir tais palavras para seguir em frente. Para tirar esse peso da minha consciência, de que ficou algo inacabado no passado.

Você arde em ciúmes quando me vê com outro alguém. Tenta me convencer, e se convencer, de que ele não é tão bom para mim quanto você.

Você sorri quando me vê. Talvez não na minha frente para eu não entender, mas sorri. E daquele jeito que eu mais gosto.

Você, antes de dormir, pensa em mim. Talvez tenha algo pra olhar e lembrar. Ou eu subitamente apareço lá, na sua mente, cansada de ficar escondida no canto mais escuro do seu peito.

Por mais que tente evitar, você sente saudade minha. Caso contrário não mandaria de vez em quando uma mensagem como quem não quer nada, ou me ligaria de madrugada, procurando alguém pra te reconfortar. E sou eu a dona dessa função. É a minha voz, as minhas palavras, o meu reconforto que você procura.

Se não é o bastante, darei-te mais infinitos motivos, não me faltam. Mas não preciso. Um dia você vai acordar com um corpo deitado no seu peito. Vai murmurar meu nome, só até encontrar um outro alguém. Vai se dar conta de muita coisa. Pra começar, vai notar que aquela silhueta não se encaixa no seu abraço... que apenas só uma - e você sabe muito bem de quem - era perfeita pra estar ali. E que, na verdade, ela já está com outra pessoa. E que você perdeu... Mas, principalmente, se dará conta de outra coisa. Muito maior.

E se não é amor... então não sei o que é.

Oceano

Eu gosto do jeito que seus olhos fecham quando você sorri. Gosto de como fica inseguro perto de mim. Não admito, mas adoro o fato de você reparar no meu cabelo toda vez que me encontra, ou até na minha roupa. Reparar em mim já basta.
Sabe quando você passa reto? Numa festa, na rua, em qualquer ocasião. Isso me mata. Mata aos poucos, mói minha sanidade, queima meu peito. Tenho vontade de exigir atenção, carinho, algumas palavras, ao menos, ou um simples olhar. Um simples olhar! Aquele olhar que costumava parar o mundo ao nosso redor para existir apenas eu e você.
"Eu e você", engraçado pensar em nós dois juntos novamente... Parece que passou tanto tempo. E na verdade, passou muito mais que isso. Quase não lembro do seu cheiro, do seu toque, da sua voz. Quase. Ainda há vestígios disso tudo em mim, como uma marca que eu não posso tirar. Não que eu não queira ou não deva, mas eu simplesmente não posso. Não dá.
Me pergunto se isso um dia vai passar. Esse sentimento que eu juro que não existir mais, que eu nego sentir. Essas lembranças que me fazem repensar no perdão, na segunda chance, num outro caminho, que me leve mais uma vez à elas. Quero saber se um dia vou ser capaz de olhar para trás e rir de tudo o que passou. De olhar para você e não ter as pernas bambas ou o coração acelerado ou a vontade insana de correr ao seu encontro e me jogar nos seus braços. A possibilidade disso acontecer parece ser tão mínima que já me recuso a nadar contra a corrente desse mar. É tão inútil. Muito mais fácil deixá-la me levar.
Mas, em caso de desistência, me sobra o afogamento. Morrer afogada nesse mesmo oceano de palavras e mentiras... e amor.