sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Acabou

Quantas vezes você acorda de manhã depois de um sonho maravilhoso, levanta sorridente pensando na pessoa que te alegrou a noite, passa o dia bem humorado esperando encontrar com ela? E aí, num súbito flash de realidade, você infelizmente se lembra de que a pessoa não faz mais parte do seu dia a dia. E pior ainda, não faz mais parte da sua vida. Você se lembra da despedida dela, da maneira repentina na qual ela te deixou. Começa a tocar no seu iPod “tell me that we belong together... i’ll be your crying shoulder, i’ll be love’s suicide…” e dá aquele aperto no peito. Por que chegamos a esse ponto? Foi algo tão bom, tão intenso, demorou pra sairmos, nos conhecermos, pra acontecer nosso primeiro beijo. Demorou pra criar confiança, intimidade, sentimento. E de um dia pro outro acabou. Você, simplesmente, não é a mesma pessoa que eu conheci meses atrás. Não foi por essa pessoa que eu me apaixonei. Você se atualizou nesse mundo moderno, mas eu me acostumei com sua versão velha. Você que dizia sempre que nada acontece de uma hora pra outra, ninguém começa a namorar de um dia pro outro, não funciona assim. Então por que deixou nosso mundo rachar aos pouquinhos e não ligou pra isso? Por que não teve o menor trabalho de consertar essa rachadura? Deixou crescer e aumentar... Então pensando bem, não foi tão repentino assim. Você nos assistia acabar aos poucos. As brigas, os gritos, o orgulho, os ciúmes. Você deixou acontecer. E eu, apaixonada, cegamente permiti que você nos levasse ao melhor caminho. E aqui estamos nós, parados no fim do caminho, tomando agora rumos separados, e me pergunto se fiz a escolha certa lá trás, numa encruzilhada, quando você mandou irmos para a direita. Deveríamos ter ido por outra estrada, qualquer outra, mas não essa. Não essa que nos trouxe a nada, ao fim. Mas lamentar-me não vai te trazer de volta. Lamentar-me só vai fazer o martírio que sinto pior. Seguro o celular contra o peito, apertando-o. Fecho os olhos e vejo você fazendo o mesmo, segurando-se para não ligar, para não ouvir minha voz. Lembro-me da sua e me arrepio. Quanto tempo faz? Que não nos vemos, não nos falamos? A dor da saudade é tanta que chega a ser pior do que qualquer dor física. Recordo-me daquela tarde que passamos num parque, correndo, rindo, nos divertindo. Dos seus beijos que, apesar da distância e do tempo, ainda parecem tão recentes. Sinto-o segurando minha cintura e apertando-a contra a sua e de me olhar profundamente nos olhos, como se pudesse enxergar minha alma. Lembro também daquele nosso jantar, num lugar todo refinado e com gente certinha demais, e nós ríamos disso. Ríamos dos bons modos das pessoas e do jeito que todas pareciam metidas e mimadas demais. Como poderia esquecer o dia dos namorados, que você me levou a praia à noite, onde vi o mais belo luar da minha vida. Onde vi o mais belo olhar da minha vida. Onde vi, ao olhar para o lado, o amor da minha vida. E não queria que aquela noite jamais acabasse. Mas acabou. Não só a noite, como todo o resto. Tudo o que construímos, absolutamente tudo, desfeito da noite pro dia. Como um castelo de areia grande e bonito, todo detalhado e enfeitado, digno do primeiro lugar se entrasse numa competição. E aí alguém vem e chuta o castelo. Desmorona. Destrói. E por mais que as palavras marcantes e dolorosas que você dirigiu a mim ainda estejam ecoando na minha mente, devo agradecê-lo. Pelo que me ensinou e ajudou. Pelos momentos, pelos sentimentos, pelo amadurecimento. Se não houvesse tanta coisa boa eu não sentiria essa falta que esmaga o peito. Sinto falta das horas de conversas no computador ou no seu carro. Do jeito que você parecia inteligente debatendo qualquer assunto com a minha mãe sentado no sofá da minha sala. Sinto falta do seu vício por futebol e sua mania se mexer no cabelo. Não quero que depois desse tempo fiquem apenas os momentos ruins. Quero lembrar-me de você como uma parte boa da minha história, um orgulho. Desculpe por tudo que a causei a você. Mas acabou. Feliz ou infelizmente. E nada nessa vida é pra sempre, exceto as mudanças. E o amor. Ah, maldito amor...


P.s.: texto sobre término pra menina do formspring. beijos!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Insônia


Agora, nesse exato momento, eu queria seu colo. Queria que você me deixasse agir feito uma mulher e depois chorar feito uma criança. Queria segurar na sua mão e senti-la afagando a minha devagarzinho. Queria seu abraço, suas palavras de consolo, seus argumentos, suas infinitas explicações. Porque você repete, repete, repete e eu continuo sem entender. Conformo-me momentaneamente apenas por estar ali com você, mas quando a distância de mim te separa e bate a saudade, eu esqueço tudo que foi dito a mim, não me importo com os porquês e os motivos, continuo te culpando por ser tão ocupado. Você vem de novo e me explica, se desculpa, me encara. Encara-me nos olhos, sem medo, sem pretensões. Não sei o que pensa, não sei nem o que pensar. Beijo-te, te seguro, não pretendo te largar. Mas você tem sempre que ir, não pode nunca ficar. Não sei mais ler nas entrelinhas, era tão divertido no começo, mas tornou-se complicado demais. Não me surpreenderia se, ao me deixar, fosse bater na porta de outro alguém. Fosse dar as mesmas explicações, o mesmo afago na mão. Não me surpreenderia se essa outra pessoa fosse perdidamente apaixonada por você e aceitasse ser sua melhor amiga e viver nas condições por você impostas. Nunca sei se, quando não pode estar comigo, você não está com ela. Se tivesse que escolher alguém, certamente a escolheria. Mais velha, mais madura, mais independente. Mas não tem que escolher ninguém, sabe jogar, sabe enrolar. Não me surpreenderia se aparecesse namorando de um dia pra outro. Não seria novidade ouvir-te dizer que gosta de mim, mas que inúmeras coisas nos impossibilitam de ficar juntos. Ah, ouvi essa história várias vezes de você. E tudo aquilo que parecia tão novo e inesperado foi tornando-se cada vez mais morto e apagado. Você não me liga mais e quando atende meus telefonemas sua voz não transmite mais animação. E eu sei disso tudo, eu enxergo perfeitamente bem. Vejo que você não sente minha falta e que tem outras na sua vida. Mas eu penso “hoje vai ser o último dia, deixe-me tirar a sua última lasquinha, última lembrança, amanhã eu lido com a dor, amanhã eu penso eu te esquecer, mas deixa-me aproveitar hoje pela última vez”. E chega o amanhã, e eu quero mais. Busco-te, insegura. Precisando, cada vez, mais de você. Exigindo algo que não poderia, querendo o que não deveria. Sentimento demais pra pouco tempo, pra uma pessoa só. Sentimento demais pra quem não merece, pro que não é recíproco. E esses textos que não tem mais nexo, não queria escrevê-los para você, não queria de verdade. Mas quando busco inspiração só vem você. Você, você, você. Vício? Que seja. Mas todo vício faz mal. Fique longe de mim, mantenha suas mentiras afastadas. Deixe-me respirar algo que não seja somente você, deixe-me ver algo além do que você quer que eu veja. Permita-me viver. Porque, todo esse tempo, enquanto eu me culpava frequentemente por não abrir os olhos, na verdade eles estavam abertos, mas você pairava na minha frente, com a leve intenção de não me deixar ver mais nada, só você. Hoje, só vejo você. Vejo aonde não tem, vejo em todo lugar. Tudo tem seu jeito, tem seu cheiro. Mas não me chame de maluca. Você tem parcialmente culpa nessa história, nega sentimentos enquanto os sente arder no peito. Nega o ciúme enquanto ele o corrói e enraivece. Dá-me um pouco, deixe-me provar desses sentimentos. Deixa eu me sentir amada por você, desejada. Eu vejo seus olhos brilharem quando me vê e ficarem foscos quando me assiste ir embora. Esse muro vai desmoronar uma hora, ninguém aguenta pra sempre. Essa sua barreira tão gigante e reforçada tem defeitos, pequenas entradas, basta achá-las. Você as faz propositalmente, para que a pessoa certa a perfure, invada. Não tenho paciência para seus joguinhos. Vou explodir sua barreira. Olha no meu olho e diz que não quer. Olha no fundo dos meus olhos e nega a vontade de me beijar. Vai, nega. Novidade nenhuma. Não me surpreenderia se você o fizesse. Acredite, as pessoas não sabem como são felizes até tropeçarem na tristeza. Não sabem dar valor, e só percebem a falta que alguém faz depois que perde. Mas você é diferente do resto das pessoas. Suas palavras, seu jeito de sentir. Martirizo-me por gostar tanto de você. Esse nó na minha garganta que me sufoca e me impede de falar tanta coisa, você o causa. Você é causa de tudo. Chega. Chega de você. Quero festa, quero gente. Do que adianta dar exclusividade se não passo de mais uma? Que seja. Faça como quiser. Mas, antes de tudo, deixe-me esclarecer uma coisa: estou enlouquecendo. Por você, por sua causa, por causa do resto. Não sei mais o que escrevo, o que penso. A insônia me trouxe até aqui, a terceira noite sem conseguir pregar os olhos. Extremamente cansada e sem a mínima ideia do que quero expressar. Mas tento. Fico falando mal e criticando, tentando colocar defeito em você e impor minhas vontades. Tento mostrar-te o quanto eu sofro com você. Ou o quanto eu morro parcialmente sem você. Na verdade, o que eu quero mesmo agora, 1:54 da madrugada, é fugir de casa e ir te assistir dormir. É te contar o quanto eu adoro seu sorriso ou seu jeito estranho de sorrir. O quanto eu adoro seus dentes alinhados perfeitamente brancos. A vontade de passar a ponta dos dedos na marca que as espinhas deixaram no seu rosto e depois percorrer com eles pelo resto do corpo. Queria puxar sua coberta e pular na sua cama, fazer a maior bagunça possível, te acordar e gritar “ei, será que você não consegue me ver? Não sou tão pequena assim”. Queria, então, que você sorrisse e me abraçasse forte, uma mão na minha cintura e a outra acariciando meus cabelos. Queria bagunçar, além da sua cama, seu cabelo também. Deixar suas roupas amassadas e sua casa uma desordem. Fazer com você e com tudo que lhe pertence exatamente aquilo que você faz com meu coração. Brinca, bagunça, desordena, confunde, mistura. Não liga. Coloca tudo no lugar com sua grosseria repentina, diária, adorável. Pare de ser assim adorável. Eu odeio isso. Odeio porque você é assim com todas, todas são apaixonadas por você, e sempre sobro eu. Não é justo, não é! Vem falar comigo hoje, tá? Não esquece, estou esperando. 02:02, estou pensando em você. Convida-me pra sair fim de semana. Insiste. Irrita-me do jeito que só você sabe até me convencer de não ir naquela festa que eu paguei caro pelo ingresso só pra desperdiçar umas horinhas com você jogando conversa fora no seu apartamento. Fala o que quiser, prometo que hoje não reclamo da sua grosseria. Quando eu finalmente aceitar, me busca em casa e debocha da minha roupa quando eu entrar no seu carro. Faça qualquer comentário inútil sobre meu cabelo ou minhas olheiras. Ria, coloque suas músicas estranhas que por algum motivo mais estranho ainda eu sei cantar. Cante, enquanto dirige e me olha rindo esperando que eu cante junto. E aí pare o carro em qualquer parte de uma rua qualquer só pra rir mais um pouquinho da minha irritação e me puxa pra dar um beijo. Um beijo que, quando mal o percebo, você já me largou e está dirigindo de novo. Deixe-me encantada e suspirando como sempre, viajando nos meus próprios pensamentos. Diga que estou estranha e mais chata do que normalmente, por mais que pareça impossível. Diga que sentia falta desse meu jeito irritado e de me mandar falar baixo. Dê-me aquela lambida nojenta na bochecha que você sabe que eu odeio. Novamente, me puxe para o seu colo e, ainda rindo, beije meus lábios suavemente e os pressione cada vez mais forte. Faça eu me apaixonar mais uma vez, como faz todo dia. Droga, eu gosto de você! E tem como não gostar?