sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Talvez

Talvez amanhã o mar não esteja tão agitado. Talvez cesse a chuva e nasça um belo sol. Talvez até, quem sabe, eu veja um arco-íris. Talvez você mude de opinião em relação a mim. Talvez, se eu sumir por um tempo, você até sinta minha falta, ou talvez não. Quem sabe amanhã eu tenha conseguido esquecer tudo, talvez acorde com mais força e menos dor. Ou talvez eu acorde pior e precisando mais de você. E, infelizmente, ou felizmente, não consigo prever o amanhã. É sempre uma incerteza, um talvez nunca decifrado. Posso planejar meu dia, mas nunca vai sair exatamente como imaginado. Imprevisível, almejado, inevitável... Tanto quanto você. Porque não consigo nunca, por mais que eu tente, prever qualquer palavra ou ação sua. E mesmo assim, cada dia é uma surpresa diferente, por isso almejo tanto acordar e falar com você, te ver. E independente de decidir que quero esquecer ou nunca mais falar contigo, não consigo evitá-lo. Mas, quem sabe, talvez um dia eu consiga... Prever você, não desejá-lo, evitar-te. Talvez um dia você deixe de brilhar tanto pra mim. Até consiga agir naturalmente perto de você. Talvez eu pare de sofrer precocemente e tirar conclusões precipitadas. Pare de me apaixonar sempre pela pessoa errada. Talvez, quem sabe, eu consiga fazer você se apaixonar por mim... Ou talvez você simplesmente se apaixone. Amanhã, não sei, talvez eu deixe de gostar tanto do seu sorriso e da sua risada. Pare de revirar minha barriga a cada beijo seu. Talvez essa magia entre nós dois acabe, talvez ela não tenha nunca começado e seja coisa da minha cabeça. Quando meu celular tocar, talvez seja você me pedindo pra olhar pela janela e estando lá fora na frente do meu portão me esperando. Talvez nem se lembre do meu número, da cor dos meus olhos. Meu sorriso, minha insegurança. Talvez se lembre apenas de como eu era chata e como te olhava sempre apaixonada. Ou quem sabe... Quem sabe você se importe comigo e acorde amanhã com vontade de me ver. Talvez não sinta nem vontade de falar comigo. Mas talvez dê tudo certo entre a gente... Talvez cessem as brigas e os problemas, talvez você queira algo mais sério no futuro, talvez passe a gostar de mim. Mas só talvez.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Acordei feliz

Não, não dormi por muito tempo, na verdade foram poucas horas e ainda sinto-me cansada. Não, também não recebi nenhuma mensagem de bom dia. Ninguém me ligou ontem antes de dormir ou falou alguma coisa bonitinha também. Não te vejo há dias. Estou com fome e preguiça de levantar. Na verdade queria poder desligar o despertador e voltar a dormir, voltar a sonhar. Mas ainda tenho que tomar banho, nesse frio, e ir pra aula. Falar nisso, já estou atrasada. E a droga do despertador ainda toca na melhor hora do sonho. Mas essa noite... Essa noite você veio me visitar. Trouxe seu abraço, sua calma, seu colo. Aquele seu cheiro que parece tão real, e mesmo quando acordo ainda consigo senti-lo. Mas é claro que eu tive que despertar no melhor momento, sempre é assim. E por isso tenho mil motivos pra levantar de mau humor. Mas por apenas um único motivo, a exceção, hoje eu acordei feliz. Você é sempre a exceção.

Foda-se

Então foda-se. Foda-se o que você sente, foda-se o que eu sinto. Porque isso realmente nunca importou muito pra você, não é? Nunca deixou de ser grosseiro quando eu pedi ou demonstrou alguma coisa quando eu precisei. Nunca. É assim mesmo, vai levando com a barriga, achando que vai ser sempre do seu jeito. Mas deixe eu lhe explicar uma coisa... Eu estou farta de tanta falta de respeito, de tanto ter que agüentar seu mau humor ou suas críticas diárias. Por motivos desconhecidos eu ainda procuro nos seus olhos meu antigo amor, a pessoa que existia no lugar disso que está aí hoje. Traga-me de volta tudo aquilo. Eu sei que você não é assim e eu não entendo porque continua batendo na mesma tecla. Num dia diz que sente minha falta e pede pra me ver, no outro diz que eu incomodo de qualquer forma. E agora? Não, realmente, e agora? Desculpa, mas eu me sinto mais perdida do que em qualquer momento anterior. Eu to confusa. Quero me encontrar, e continuo tentando me achar em você. Abre os braços, sinta. Sinta o que eu quero mostrar, pare de regular seus sentimentos, pare de regular mixaria. Não me importo de que seja sempre do seu jeito desde que saiba fazer do meu às vezes. Só às vezes. Dizer alguma palavra carinhosa ou o que realmente se passa aí dentro. Perdoa-me por reclamar tanto, por falar tanto. Perdoa-me, meu amor, por ser tão irritada e sem paciência com você. Por ter a mania chata de gritar quando falo e ser tão insegura. Por te fazer sentir ciúmes indesejados e por colocar meu cabelo atrás da orelha do jeito que você não gosta. Por te incomodar e sentir tua falta por causa de um dia longe de você. E não espero perdão. Na verdade, não espero mais nada de você. Só fique aqui comigo enquanto estou brava e gritando contigo. Fique aqui e espere esse momento de raiva passar. Nunca, jamais, vá embora, não importa o quanto eu peça; porque se por acaso um dia eu te pedir isso, não acredite. E tenho tanto pra falar, tanto pra mostrar... Quero te provar tanta coisa e te explicar tudo... Tanta coisa... Muita coisa... Mas, sabe? Foda-se.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Sumiu

Queria fazer você admitir o que sente. Tentei, tentei, mas tentei tanto que enchi teu saco. Virei um grude carente, necessitado, impossível de controlar. Eu que controlava você, quando entrava ou sair do computador, quando o celular estava desligado ou quando se desligava de mim. Esquecia, momentaneamente, dessa sua barreira interna, que não transparecia absolutamente nada, e me deixava sempre angustiada e sem a certeza do que você pensa. Como se isso me fizesse parar mesmo. Ouvia sempre que o que você estava fazendo era pro nosso bem, que queria o melhor para nós e que eu iria entender depois. Falou tanto, disse muito, e na verdade não quis significar nada. Falou sem pensar, disse sem pretender, e escorregou nas próprias palavras. Como pôde ser tão cruel? Usar expressões horríveis, dizendo coisas que sabia que iam me afetar? Tirando de mim tudo aquilo com o que eu me importava? E então me viu ali, tão pequena, tão menina, tão desesperada e desamparada... Enxergou-me tão indefesa e magoada, tão ingenuamente triste e sem pretensões de devolver-lhe as horrorosas palavras a mim dirigidas. E aí sumiu. Por horas, por dias, realmente não contei, porque não esperava seu retorno, achei que era definitivo. Juro que tentei me superar, me neguei a sofrer, fui à busca de outro alguém. Pouco me importava se você estava bem ou se iria ficar. Fosse injusto, cruel, não me preocupei em correr atrás e pedir explicações. Tentei minimizar a dor desabafando-a em textos e mais textos, detalhando seu comportamento e a saudade que por você sentia, como se não houvesse outro jeito de te trazer de volta, mas no fundo sabendo que você iria lê-los. Porque, sinceramente, alimentava uma falsa esperança de que ligasse um pouquinho ainda para mim e me vigiasse escondido. E mais rápido do que eu podia imaginar, lá estava você de novo. Veio falar comigo tão naturalmente que quando vi seu nomezinho piscando na minha tela comecei a chorar. Não sei, meu coração realmente parecia que ia pular fora. Não foi uma conversa como todas as outras; foi formal, estranha. E aí você me convidou pra sair. Inventei mil desculpas e lutando contra minha vontade não sai. Estava em estado de choque. No outro dia, veio falar comigo de novo... Dessa vez mais natural do que qualquer outra conversa. Comentei seu sumiço e você simplesmente desconversou. Chamou-me de louca exagerada. Tudo bem, porque não foi você que ficou aqui sentindo falta, sem saber que iria voltar, não é? Chamou-me para sair de novo. E lá se foram mais mil desculpas esfarrapadas. Esse medo de te ver de novo, de gostar tanto e não conseguir mais desgostar. De sentir seu cheiro, seu toque, o calor que seu corpo emite ao meu, de ficar descontrolada procurando seu beijo mais uma vez enquanto você some sem deixar explicações. Não vá embora novamente. Não me deixe sozinha nos fins de semana em que você me fazia companhia. Não minta dizendo que não gosta de mim e fazendo um buraco no meu peito, dizendo que precisa de um tempo longe de mim, que não quer me ver, que não sente minha falta. Não diga isso sem realmente pretender. Não minta dizendo que vai sumir e que isso vai ser melhor para nós. Não fale nada disso pra depois me contar que na verdade era tudo mentira. Que você prefere que eu te odeie ou não te queira do que seja apaixonada por você... Porque não tem mais tanto tempo assim pra dedicar a mim, e que vou sofrer se não tiver seu carinho e sua atenção de antes e por isso prefere sofrer e levar toda a responsabilidade do que me sujeitar à dor de alguém apaixonado. Mas deixe-me te dizer que sofro mais sem você do que apenas com um pedacinho seu. E na verdade, nunca reclamei pelo tempo. Sei que se sumir, terá seus motivos. E eu te quero, mas posso te querer todo domingo ou duas vezes por mês. Posso te querer nos seus horários vagos ou nas suas noites tão cansadas te fazendo companhia e esperando você dormir. Porque independente de quando, eu te quero. Quero-te hoje, te quis ontem, vou te querer amanhã. Quero agora, depois e quis antes. Quero pra sempre, quero enquanto dure. Mas não me impeça de querer. Deixe ser verdadeiro. Intenso. Pare um pouco, por favor, de controlar todas as situações; deixe-me sofrer se necessário, deixe-me amar se for cabível. Com meu jeito de criança, meu coração inocente. Só não suma, não vá embora – de novo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Chato

Eu juro que esses pensamentos que me assombram são loucas vontades, insaciáveis, impossíveis de afastar. E o pior é que eles vêm nas horas mais inapropriadas... No meio da aula na explicação da matéria mais difícil, no almoço quando minha mãe está falando alguma coisa importante, quando estou tentando me concentrar para estudar, quando estou tendo uma conversa com algum homem bonito e tentando me interessar por ele. Mas me perco. Perco-me nas imagens que vem de repente e inundam minha mente como ondas num mar agitado, meu olhar se perde no nada. E eu tento afastá-las. Tento, mesmo no fundo não querendo. Na verdade, queria poder deitar e fechar os olhos, implorar por mais e mais pensamentos como aquele, relembrando tudo o que já vivemos. Pouco tempo? Não ligo. O tempo é o de menos entre nós.
E então meu celular toca, volto pra realidade. Antes de olhar o número, coração dispara inconscientemente pensando: é ele. Mas nem é. É aquele ex-namorado chato que me viu tocando a vida e agora quer perdão. Na outra vez, era aquele menino que, quanto mais eu ignorava suas chamadas, mais ele ligava. Chatos, todos chatos. E não ache que você está fora dessa lista, é chato também. Mas é um chato tão chato que me irrita. Tira-me profundamente do sério e sinto vontade de segurar seu pescoço, esganando-o, e te deixar sem ar por apertá-lo um pouquinho forte demais pra ver se você aprende a lição. Mas você gosta, adora. Faz tudo por querer, conhece meu temperamento. Irrita-me, me provoca, somente pra depois poder me pegar no colo e colocar contra a parede, prensando-me e rindo da minha repentina mudança de humor. Mas não tem como não ceder. Faz minha raiva virar paixão, e minha vontade de estrangular-te serem minhas mãos na tua nuca te puxando pra mais perto de mim. Deixar-te sem ar, mas por causa de um beijo, ou então vários. E te matar, sim, mas de amor.

sábado, 14 de agosto de 2010

Quebra-cabeça


Não entendo. De verdade, não entendo. Como é possível, no meio de tanta gente, sentir falta de uma só? E quando falo “muita gente” me refiro a seis bilhões de seres humanos, de indivíduos, de pessoas que poderiam completar meu dia... E simplesmente não completam. Como se faltasse um pedacinho em cada uma, ou sobrasse algo, como se não fosse a peça pro meu quebra-cabeça. Sinto-me exatamente assim, procurando a última peça, como se eu tivesse bilhões de opções e a única, e certa, não estivesse ali. Não digo que ela deixa um buraco em mim; só sei que pareço incompleta, faltando alguma coisa pra dar o toque final. E esta tal coisa, no meu caso, seria você.
Acho que os únicos entendedores do que falo serão aqueles que já passaram por isso. Não tenho ideia de como explicar a sensação que tive hoje, o turbilhão de sentimentos e lembranças que me atingiram como um raio, quando eu, tão desligada e apoiada no vidro do carro, coloquei meus olhos naquele carro do outro lado da estrada. Quando eu, sem querer, perdi o fôlego por dois breves segundos, avistando você dirigindo despreocupadamente, de óculos escuros, com aquele mesmo sorriso, o qual ficara gravado em minha cabeça. Foi tão rápido. Tão bom. Minha vontade era de pular da janela e sair correndo em sua direção, pro seu colo, implorando perdão e um pouquinho de amor. Querendo, nem que fosse pelo menor tempo possível, ter sua atenção de novo, conseguir fazer você ver em mim o que via antigamente. Me senti extremamente impotente, como se você estivesse ali e, por mais que eu esticasse o braço, nunca conseguia te alcançar.
Admito que fui pega de surpresa. Eu, que me julgava tão forte e determinada, que aprendi tanto contigo em relação a homens e a sofrimento. Havia me ensinado que vocês, homens, eram todos iguais e que sofrer por vocês era perda de tempo, mas inevitável, e que o remédio para tudo isso seria a indiferença, ou não se apegar e depender tanto de alguém. Mas hoje tenho que discordar desse pensamento. Se os homens são todos iguais, por que não podemos simplesmente substituí-los? Parar nossa vida quando estivesse sofrendo ou descontente, e falar “ei, juiz, substituição! Entra o 9 e sai o 7...”. Diz-me, não seria tão menos complicado? Mas é claro que não é assim. Tirar alguém da nossa vida dói, sem contar que leva tempo para ser superado. Basicamente, não é só conhecer outra pessoa e querer que ela fique no lugar daquele que foi embora. Porque, infelizmente, só ele foi embora. O maldito não levou as lembranças, as fotos, as cartas. Ele deixou seu cheiro na minha roupa, seu gosto na minha boca, sua voz no meu ouvido... Deixou suas manias que viraram minhas manias, e me flagro fazendo exatamente aquilo que eu reclamava tanto que ele fazia. Deixou saudade no meu coração, lágrimas nos meus olhos. Suas mensagens no meu celular e sua foto no meu plano de fundo. Ficaram as dúvidas que nunca tiveram suas merecidas respostas. Foi embora, mas não levou absolutamente nada, que quando viro pro lado me esqueço de que você não está mais aqui. Porque as memórias ainda estão frescas. Às vezes fico me perguntando por que ele não me ligou hoje nem entrou no computador. Foi tão repentino e sem motivos que não consigo entender a razão de ter desistido de mim. De nós. Será que eu era a única, sinceramente, que acreditava na gente? Que ainda acredita? Que vai dormir toda noite com um pinguinho de esperança de que você venha com saudade no dia seguinte? E você... Você não se importa? De jogar tudo fora, de me deixar desamparada? De sair e fechar a porta na minha cara, me puxar o tapete e tirar a base na qual eu havia construído tanta coisa em cima? Será que você pode, por favor, largar esse orgulho por um minuto e vir me encontrar em casa só pra me explicar o que está acontecendo? Porque eu não escolhi ser mais nova que você, nascer anos depois. Não escolhi te conhecer e gostar de ti. Essa minha mente adolescente, com tantos problemas e princípios diferentes dos seus, a qual eu não queria ter. Maturidade, meu amor, não é algo que vem do nada, que ganhamos quando queremos. Porque se fosse, escolheria ser a pessoa mais madura do mundo, largaria minha infância, minha adolescência, excepcionalmente pra agradar-te, para acompanhar-te. Mas não é assim. E você, injustamente, ao em vez de me ajudar a crescer, simplesmente vira as costas e diz que volta quando eu fizer isso sozinha. Como você espera que eu lide com tanto sofrimento e ao mesmo tempo torne-me uma mulher? Sinto lhe dizer, mas era assim que eu me sentia contigo. Forte, poderosa, mulher. E por mais que você tivesse seus momentos infantis, que predominavam seu comportamento, nunca lhe cobrei mais do que isso. Aceitei tudo, afinal é assim que você é, que eu sou. Pedir pra alguém mudar é algo tão injusto. Mas mesmo pensando assim, mudaria se você pedisse.
E aqui estou, novamente, procurando a tal peça do meu quebra-cabeça. Eu sei que a acharei. Talvez eu tenha que, momentaneamente, colocar aquelas pecinhas que parecem encaixar-se tão bem, que de perto montam certinhas, mas que olhando de longe você enxerga a diferença delas pro resto do quebra-cabeça e, quando cansa dessa diferença, volta a buscar a peça certa. Seis bilhões de almas que poderiam me fazer feliz. Sinto falta de uma. Seis bilhões de corações batendo freneticamente, que poderiam bater por mim. Sinto falta daquele único que se nega a me ter como motivo de sobrevivência. No meio de uma multidão, sinto-me sozinha. Falta você.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Olhos

7:20. Atrasada, novidade nenhuma. Abri o portão do meu apartamento e sai correndo, sempre uma luta pra chegar no horário. Corri um pouquinho e logo cansei, fui caminhando pelo resto do trajeto. Todo dia o mesmo caminho, o mesmo horário, mesma preocupação. Resolvi reparar no resto. Passava todo dia pela mesma caminhonete branca que estava sempre na mesma vaga, tinha decorado até a placa dela. Dava bom dia pro mesmo inspetor de outro colégio. Lá estava o mesmo flanelinha de sempre, chamando os carros e ajudando os motoristas a estacionar. Via os alunos passando por mim, e encarava-os nos olhos, sem querer ser rude, apenas tentando enxergar algo mais. Algo que eu pudesse ver, que pudesse ser dito apenas por um olhar. E na verdade, descobri que os olhos nos dizem coisas que muitas vezes palavras não sabem explicar, que o rosto esconde numa feição contrária ao que sente. Vi que de manhã cedo são raras as pessoas com bom humor ou um sorriso no rosto, que te cumprimentam na rua. Eu, inclusive, não sou uma delas. Acho-me até meio grossa por passar por tanta gente e não, simplesmente, sorrir.
Mas então, passei por uma menina do meu tamanho que me olhou e logo desviou o olhar. Um homem uns vinte anos mais velho, de terno e gravata com uma maleta na mão, que, ao meu olhar, só vi irritação, e eu mesma fui obrigada a desviar. Um menino um pouco mais velho que eu, que me olhou e igualou meu olhar, ficou lá me encarando e sendo mais corajoso do que todos os outros. Posso dizer que ali se formou um breve começo de sorriso. Mas ele foi embora. E não só nesse dia, passei a fazer isso em todos os outros. Antes da aula, depois, à tarde, no shopping, nas festas. Com certeza os olhos podem transparecer muita coisa, como dizem que os olhos são o espelho da alma, e só posso concordar. Tento enxergar nas pessoas o que elas escondem dentro de si.
Ta, quanta mentira. Não sobre as pessoas, ou o que diz seus olhos. Mas sobre meu motivo de encará-los. Eu procuro, desesperadamente, achar alguém que seja compatível comigo. Algum olhar que, ao encontrar-se com o meu, cause aquela faísca, aquela sensação boa. Não busco a mesma cor, porque os seus não tem cor definida em minha opinião, são um mistério. E na verdade, é esse mistério que eu busco. Essa barreira, esses sentimentos em códigos, tão difíceis de decifrar. Procuro olhos que sejam raros e que não transpareçam o que se passa por dentro. Sei que busco o contrário daquilo que todos querem, mas é isso que me satisfaz. Foram esses olhos, que ao me olharem, ao rolarem por meu corpo inteiro, me encheram de dúvidas. E eu não gosto da certeza, gosto das perguntas indecifráveis que correm por minha mente, gosto do fato de você não respondê-las e eu não saber quando é mentira sua. Gosto de correr o risco de você estar oco por dentro enquanto se diz preenchido. Gosto de chegar bem perto dos seus olhos, olhá-los com toda minha vontade, e não enxergar absolutamente nada. Conseguir ver apenas o que você quer que eu veja, apenas o que você permite que fique fora da barreira e eu possa ver. O resto, meu caro, pode ser sofrimento tanto quanto paixão, que nunca vou saber. E é esse mistério que me puxa sempre de volta a você. Porque é triste tentar gostar de outra pessoa e conseguir enxergar sua alma. Triste pra mim. Acostumei-me com seus olhos, suas brincadeiras, seu jeito que não da de entender, tão intocável, seguro e estupidamente grosseiro. Não queria que fosse de outra forma. Não queria que fosse outra pessoa. Mas agora que não tenho mais seus olhos, procuro no olhar de outros aquilo que encontrava unicamente no seu. Busco severamente, diariamente, desesperadamente alguém que deixe as mesmas dúvidas. Não encontro. Continuo então, contra minha vontade, tendo que ler o que se passa internamente em cada um e ver o que todos poderiam tentar me proporcionar; enquanto só você, na verdade, mesmo sem me mostrar, conseguia me fazer sentir.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Minha noite


Veio me buscar em casa. Entrou, ficou jogando conversa fora com meus pais, que o adoravam. Já passava das dez, eu estava atrasada como sempre. Cabelo molhado, só metade da maquiagem pronta, não achava o outro par do sapato nem o cinto. Ouvia aquela risada doce vindo do andar de baixo e era obrigada a parar dois segundos enquanto ela me invadia e deliciava. Fazia arrepiar a nuca só de pensar no seu toque. Apressava-me, então, para ficar pronta logo e ir ao seu encontro. Dei mais uma olhada no espelho e gostei do que vi. Desci as escadas contando os degraus de dois em dois e meu olhar encontrou o teu. Sem querer, deixei escapar um sorriso, inevitável.
No carro, fiquei insistindo pra saber aonde íamos. Você simplesmente soltou uma risada, achando graça da minha curiosidade, e disse que era surpresa. Fiquei em silêncio enquanto aquele rap que você tanto gosta tocava baixinho. Virei-me no banco e te encarei, analisando seu rosto, sua roupa. Sempre tão arrumado, tão cheiroso. Aquele perfume que me fazia morrer de vontade de encostar meu rosto no seu pescoço e deixar-me ser ninada enquanto o sentia misturando-se ao meu, mas me controlei. Você me espiou com o cantinho dos olhos, enquanto dirigia velozmente sem precauções. Parou na frente de um apartamento desconhecido, me fez esperar 5 minutos no carro, e voltou com duas taças e uma garrafa de champagne. Sem dizer uma palavra, continuou dirigindo enquanto minha aflição aumentava. Parou em um lugar escuro, que pelo barulho logo vi que havia mar ali perto. Saiu, deu a volta no carro, parou na minha frente e me serviu de champagne. Deu dois passos pra trás, pediu para eu tirar o salto alto e acompanhar-lo. Mais à frente, meus olhos pairaram na reflexão da luz da lua na água. Tão bela, tão hipnotizante. Caminhamos em silêncio, enquanto nossos braços roçavam-se. Eu queria chegar mais perto e segurar sua mão, queria olhar nos seus olhos naquela noite escura e ser iluminada só pelo seu brilho, mas continuei andando. Encaramos o céu por alguns segundos naquele mesmo silêncio que só tornava tudo muito mais misterioso. Depois de falar alguma besteira e sentir meu corpo arrepiar-se por causa da sua leve risada, olhei fixamente pra você. Aproveitei pra memorizar bem aquela cena enquanto o álcool não fazia efeito. Perguntei-me se realmente te conhecia. Se por trás daqueles olhos de cor indefinida existia a mesma pessoa que se mostrava ali do meu lado. Confiante, forte, inatingível. Queria saber se essa barreira toda, se esse poder todo não era fachada. Se não era um modo de defesa por algum motivo desconhecido por mim, porque você não deixava ninguém chegar perto. E do seu lado me sentia pequena e carente, como se eu buscasse por seu abraço, sua atenção, sua proteção. Via-te como um homem, que me passava uma força indescritível, e por isso, além de tudo, me sentia mulher. Você me fez mulher.
Quando meu olhar pressionou demais sua pele, você virou-se pra mim e deixou aquela faísca entre nossos olhos acontecer, a mesma que fazia minha barriga revirar. Como se pudesse ler meus pensamentos, sorriu brevemente enquanto inclinava-se na minha direção. Quanto mais perto chegava, mais rápido meu coração batia, explodia dentro de mim. Eu queria fechar os olhos, mas temia que quando os abrisse não te encontrasse mais. Mas logo não conseguia mais pensar, muito menos respirar. Centímetros separavam meu rosto do teu, conseguia sentir seu hálito bom por causa do halls verde, via sua boca ainda meio sorridente. De repente você volta ao seu lugar, toma um longo gole de champagne e começa a caminhar de volta para o lugar de onde viemos. Eu fiquei ali parada por mais um tempo, não sei exatamente quanto, encarando a praia. Daria tudo pra não ter saído de casa hoje, para não ter passado por isso. Meus olhos começaram a embaçar, odiava o fato de ser tão fraca e me sentir pior ainda quando você se afastava de mim. Então você chamou pelo meu nome, soltou sua risada mais extrovertida, arrancando-me de meus pensamentos. Sua voz me dava força de novo, me puxava. Caminhei na sua direção cabisbaixa, sem saber ao certo o que falar, o que fazer. Você segurou meu queixo, levantou meu rosto e deixou a faísca correr solta de novo, enquanto eu não sentia mais a ponta dos meus dedos de tanto frio, já que o calorzinho que você causava era tão breve e momentâneo. Como se, novamente, você pudesse ler meus pensamentos, puxou minha mão direita e deu-lhe um beijo, logo depois entrelaçando nossos dedos que se encaixavam tão bem. Queria saber por que o tempo corria tanto em noites assim. Queria saber por que nós não podíamos deitar na areia e ficar olhando o céu, que, naquela noite, tinha a maior e mais bela lua que eu já havia visto na minha vida - sem estrelas, sem nuvens. Mas você, com seus planinhos e organizações, nunca fez minha vontade. E daí que era dia dos namorados? E daí que eu tinha passado os melhores minutos naquela praia e você fugiu de mim? Você não se importava, na verdade adorava a briga que ocorria dentro de mim, sem conseguir obter respostas pra tantas perguntas, adorava ser o único que explicaria minhas dúvidas.
Despediu-se com seus lábios na minha testa enquanto, inconscientemente, eu trancava a respiração. Sorriu, o sorriso mais sexy e irresistível, enquanto entregava-me na porta de casa, ligava o carro e ia embora. E, mesmo sem preencher nenhuma das minhas expectativas ou vontades, sem fazer absolutamente nada do que eu queria ou esperava, você fez daquela a melhor noite da minha vida. E me deixava lá, como sempre, querendo mais.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Você


Ah, você. Você e essa mania de achar que está sempre certo, como se a minha palavra tivesse menos valor que a sua.
Mania de me xingar e colocar apelidos irritantes, mas não aceitar nenhum e odiar todos.
Mania de ser indiferente, grosso, bipolar. E mesmo assim não admitir ser nada disso.
Essa sua liberdade de dizer tudo que vem na cabeça, sem pensar duas vezes.
Ou o jeito que passa a mão no cabelo, tentando deixar ele um pouquinho em pé.
Seu vício maluco por futebol, de assistir todos os jogos, independente dos times que estiverem jogando.
Ahhh, sua mania horrível de tirar as duas mãos do volante quando dirige. Ou fazer uma ultrapassagem com o joelho enquanto escreve uma mensagem no celular. Me assusta.
Quando briga comigo, me chama de imatura, criança, sem noção, exagerada – e não percebe que faz igual ou muito parecido.
Ou quando me pega no colo e deixa minha cabeça apoiada na curva do seu pescoço.
Falar que te sugo com os olhos. Quem sabe eu sugo mesmo. Sua imagem, seu cheiro, seu gosto, seu toque. Você.
E sempre dá tudo errado com a gente. Quando saímos, quando não saímos. E mesmo assim fico sem saber quando vou te ver de novo.
Quando me chama de neném, querida, amor.
Ou quando costumava chamar.
E a mania ridícula de colocar meu nome no diminutivo... Eu odeio. Odeio mesmo. Mas isso não te impede de continuar me chamando assim.
Teu jeito objetivo, prático, direto, focado. Isso eu adoro.
O fato de odiar o quanto eu dependo de ti e de me achar uma louca. Como se tu não fosse.
E adorava me lamber, sei lá qual era a graça disso. Mas pena que adorava, daria tudo pra adorar ainda.
Seu jeito insensível, que não sente ciúmes nem se importa. Ou pelo menos não se importa mais.
Ou quando dá aquele sorriso gostoso e perfeito, aquele sorriso que faz parar o tempo e congelar tua imagem ali, na minha cabeça, como se nada mais importasse.
Ser tão egocêntrico, confiante, abusado, nojento, irônico. E ao mesmo tempo educado, paciente, carinhoso, confiável, realista.
E odiar toque. Não podia tentar te tocar que você esquivava. Inevitável.
Tua mania de me criticar quando uso maquiagem e criticar quando não uso.
Como se fosse meu oposto e ao mesmo tempo tão igual a mim. Enquanto procuro por alguém, você espera alguém te achar. Você não vai mudar. Eu nem quero. Porque cada mania, cada detalhe seu, é essencial pra mim. Preenche meu dia, meu final de semana. E tanta coisa em você que eu odeio... Odeio tanto que chego a amar. Se amor e ódio andam tão juntos, são tão parecidos e diferentes, se onde tem um tem o outro, acho que não sei mais os diferenciar. E acho que te odeio. Ou, simples assim, não consigo te odiar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Minha opinião

Cansa, tudo cansa. Fico cansada com cada coisa agora. Não me refiro à estúpida educação física que sou obrigada a freqüentar, nem ao futsal, academia. Me refiro as pessoas. Ao que elas dizem ou fazem. Não suporto mais a indiferença das mesmas frente a tantas situações, frente a tantos sentimentos. Cansei de acessar sites na internet e ter algum mal-amado-sem-noção expondo meu nome e sua insignificante critica a meu respeito, sem nunca ter AO MENOS olhado nos meus olhos ou trocado meia dúzia de palavras comigo. Cansei desses julgamentos esnobes que as pessoas acham que tem direito de fazer. Elas não têm. Simplesmente não passam de indivíduos a mais no meio de mais seis bilhões. Me incomoda ver que elas se acham melhores ou superiores do que o resto. Elas não são. Não é a roupa, o carro, a casa, as festas que freqüenta, o celular que tem, o número de chamadas nele ou qualquer outra superficialidade que te dá o direito de acreditar e aumentar uma história, sem saber se é verdade, sem saber de quem ta falando. Sinceramente, esse mundo está vazio demais pra mim. Ta faltando muita coisa. Faltam princípios, objetivos, sentimentos. Falta carinho, honestidade, reconhecimento. Tem muita inveja, muita mentira, muita cara de pau. Mas a cara de pau me impressiona. Porque é facílimo se esconder atrás de um perfil falso, sem ter seu nome exposto, e falar mal dos outros. Ah sim, isso eu faria também. Mas e aí, cadê a cara de pau pra falar isso pra mim? Ou pra cada um? Não, quando se trata do mundo real as pessoas fogem, ninguém encara. Não tenho recadinhos no meu Orkut dizendo “oi, te acho uma safada! Beijinhos”, mas tem isso escrito logo abaixo do meu nome num site no qual as pessoas não se responsabilizam por suas palavras. Ah vá. É vergonha? Fala que alguém é feio e gordo, o outro é falso e ridículo, a menina é safada e fácil... “Ah, mas é só minha opinião”. NÃO. Não é a TUA opinião. É a opinião de alguém que não existe, de uma pessoa criada virtualmente, logo “sua opinião” não vale m... nenhuma. Deve ser falta do que fazer, não te culpo por ter uma vida monótona, e para ter um pouquinho de auto-estima ter que falar mal dos outros anonimamente. Vai ler um livro, sair pra alguma festa, estudar, fazer um exercício físico.
E antes de digitarem qualquer outra besteira, procurem olhar para seus próprios defeitos. “Puta” é aquela que transam em troca de dinheiro. Logo, não creio que haja tantas meninas que possam se enquadrar nesse quesito, como as pessoas costumam julgar. Se transaram ou não com o namorado, o rolo ou o menino que gostam, continuam não sendo nada disso. Fazem isso por sentimento, vontade, e não por dinheiro. Beijar na boca também não é crime, e todos tem o direito de matar essa vontade, até porque a própria pessoa tem essa mesma vontade e tenho certeza que a mata também. Cadê a moral para falar dos outros? “Falsa”, como saberás tu, alguém que nunca sequer passou horas conversando com a pessoa, que ela é isso mesmo? Será que a falsa aqui não é tu de olhar na cara dela e dizer “bom dia querida” enquanto anonimamente critica-a assim? E não entendo também o que leva alguém a meter o dedinho na vida pessoal das pessoas, falar que fulano traiu ciclano, que não presta, que é ridícula, que é corna. E se não for? Parem pra pensar, e se fossem com vocês? O que uma pessoa faz ou deixa de fazer com outras é problema delas, não tem que virar fofoca, não tem que ser criticado ou apoiado, pois ninguém é 100% correto pra dizer o que está certo ou errado. Ter muitos amigos não significa “pegar” todos eles, muito menos dar em cima. Há, sim, muita diferença entre amizade e rolos. Mas isso não é problema seu! Cada um sabe da sua vida e de suas amizades, não precisa de um desocupado pra dar palpite. E, se querem saber, ISSO se chama opinião. Essa é a MINHA opinião, com meu nome assinado no final. Porque eu, ao contrário de muitos outros, não preciso esconder meu rosto pra falar o que penso.

Marina Cunha

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Tempo

Tempo, tempo. Vai, vem, me domina, me abandona. Me relembra, me esquece, me ama e me ignora. Maldito tempo que não tem limite nem hora. Passa, marca e simplesmente vai embora. Me pergunto se ele vai parar, se um dia vai me entender. Mas nem me escuta, só traz o passado e o tira de novo sem querer. Traz o futuro e desarruma os fatos. Me perco. Me acho. E me encontro tão perdida quanto o vento no furacão, a chuva no verão. Sem perceber, me encaixo nele tanto quanto me encaixava em você. E mesmo assim, sem piedade, o imperdoável tempo de mim tirou você. Tempo sem te ver, tempo sem te beijar. Tanto tempo que nem lembro mais. Faz falta. E a falta dói, machuca, corrói. A falta me assombra e me tira o sono. Me faz implorar pra voltar no tempo. Mas o tempo não volta - me consolo.
Não, o tempo me deixa estendida no chão chorando minhas mágoas. Não estende a mão nem oferece ajuda, assiste a cena enquanto não para. Não para mesmo, independente do quanto eu peça. Sussurra no meu ouvido: “eu não paro, mas só eu curo. Quanto mais rápido eu correr, mais rápido te tiro desse escuro. Dessa escuridão, sofrimento. Te trago de volta aquele sorriso e todo e qualquer sentimento.” Quero acreditar, tento. Disseram-me que o tempo não cura, só desloca o incurável do centro das atenções. Choro enquanto lembro que o tempo também levou embora meu amor, minhas paixões. A esperança, o calor. Trouxe-me direto ao inverno, a esse frio espantoso que machuca a mão. Que machuca o peito, machuca o coração. Junto ao frio do inverno, ele te fez frio também... Friamente falastes que não tinhas tempo pra mais ninguém. Nem pra mim, nem pra aquela, que o tempo agora era curto e que não podia desperdiçar com miséria. Miséria, sim, me comparastes a isso, mas não me importei e te pedi mais tempo. Comigo, ao meu lado, me esquentando do frio, me livrando do gelado. Do gelado sentimento que antes me queimava o peito, e que agora, você no seu momento frio, nem mais chama de sentimento. Cogitei a ideia de dar-te mais tempo, mais horas no dia, mais dias na semana, pra parares de ser birrento. E mesmo sabendo que tempo não podia comprar, tinha certeza que se mais tempo lhe desse, comigo não ia gastar. Usaria essas horas para estudar, comer, dormir. Sair, beijar, sorrir. Falar com todos, com qualquer um. Fugir de mim, sem receio algum.
E essa falta de receio que me preocupou, porque tempo nunca lhe faltou. És tão decidido, objetivo e intocável, não para por ninguém, nenhuma vontade é insaciável. Quando usastes o tempo como desculpa, percebi que do tempo não era a culpa. Era minha. Sempre foi e ainda é. Mas culpei o tempo, o ignorava e odiava pelo meu peso na consciência. Pois é. Acho que nunca admiti estar errada. Porque errado mesmo é o tempo, que não para por nada. Que não parou naquele dia, quando estava tudo maravilhoso. Não parou naquele dia, quando minha cabeça, no seu peito, sentia-o subir e descer silencioso. Ouvia seu coração bater desregulado, um suspiro meu e o tempo já havia passado. Acabou tão rápido quanto começou. Viramos desconhecidos tão rápido quanto viramos amigos. Amigos que trocaram beijos, carícias, sentimentos. Vontades, sorrisos, pensamentos. Olhares, mãos dadas, respeito. E tão rápido quanto começou, já estava tudo desfeito. Espero que não tenha acabado. Espero que o tempo que passa tão rápido quando estamos juntos, passe igualmente enquanto estivermos separados. Porque eu vou esperar, sempre esperei. Não queria me tornar dependente desse pouco tempo, de você, mas contra tudo, todos e o tempo, simplesmente me apaixonei.

Tudo você

"(...)Você nunca mais pegou na minha mão e me fez sentir segura. Nunca mais falou a coisa mais errada do mundo e fez o mundo valer a pena.
Eu treinei viver sem você, eu treinei porque você sempre achou um absurdo o tanto que eu precisava de você para estar feliz.
De tanto treinar acostumei.
Eu só queria que ele aparecesse, o homem que vai me olhar de um jeito que vai limpar toda a sujeira, o rabisco, o nó.
O homem que vai ser o pai dos meus filhos e não dos meus medos.
O homem com o maior colo do mundo, para dar tempo de eu ser mulher, transar para sempre. Para dar tempo de seu ser criança, chorar para sempre.
Para dar tempo de eu ser para sempre.(...)" Tati Bernardi