segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Queria em você

Tô tentando, mas não sei mais amar. Não sei mais. Tô tentando, eu juro! Você ficaria orgulhoso se visse o cara que está na minha vida. Você choraria de raiva e inveja, e doeria um pouco o peito com aquela sensação de “te perdi”.
Saio por aí, procurando amor ou qualquer coisa parecida com isso, tô naquele ponto que já tô aceitando genéricos. Porque amor de verdade ta muito caro! Exige demais da gente. Às vezes tenho certeza de que vale mais a pena um falsificado, mais barato, com menos exigências.
Encontrei o cara mais legal do mundo, mil vezes melhor do que você. Se eu colocar mais uma qualidade nele, vai transbordar. Pedi tanto em oração, mas tanto, que acabei recebendo o bendito. Ô, menino bonito... Tira o fôlego, não só meu, mas de todas as outras pessoas. Correto, inteligente, educado. Do tipo que corre pra abrir a sua porta no carro e anda de mão dada com você na rua. Absurdamente lindo. Completamente o meu oposto. O cara perfeito pra todas as mulheres. Mas sou a única que não parece merecê-lo. E sou a única que ele quer merecer.
Queria ele pra ser pai dos meus filhos. Queria sua postura, seu caráter, seu gene. Queria ouvir um milhão de elogios incansáveis, mesmo quando tô toda suada ou com o rímel borrado. Porque ele é assim. Ama em mim tudo o que eu não gosto, e faz-me amar também. Aprendi a me amar um pouquinho mais, a me colocar em primeiro lugar, tudo graças ao menino. Mas é menino, sabe? Não é homem feito. Não tô falando de idade, de maturidade, de experiência. Ele é ingênuo e puro. Puta merda, ele é tudo o que eu pedi, você sabe, você me conhece. Ele abaixa a tampa da privada, deixa o último sushi pra mim, me oferece o casaco se eu tô com frio... E tudo o que eu consigo pensar é em como você não fazia nada disso. Como você era egoísta e comia o último sushi, me deixava passar frio e largava a maldita tampa sempre levantada. Tudo o que eu consigo pensar é em como eu odiava brigar com você por isso inúmeras vezes e por muito mais. Porque nós dois não brigávamos. Eu e o cara perfeito. Não brigávamos de jeito nenhum, por nada. Eu arranjava motivo pra brigar, mas ele não comprava minhas brigas. Tinha medo de que qualquer atrito fosse nos estragar, mas acabamos descobrimos jeitos melhores de brigar. Jeitos melhores ainda de reconciliar. Agora, brigamos bastante, mas nos reconciliamos tão rápido que nem consigo lembrar dos motivos de ficar brava com ele. Bem diferente de como era com você.
Encontrei, finalmente, paz. Procurava por tudo isso. A paz, a paciência, a ingenuidade que ele carrega no olhar. Você sabe, eu sempre te disse que era isso que eu queria em você. Te cobrei essas coisas por tanto tempo, e hoje que eu tenho, elas parecem tão banais. Banais sim, porque percebi que é o mínimo que alguém pode oferecer numa relação. Às vezes o melhor pra nós não é o que queremos, e sim o que merecemos. Mas, sabe, tô tentando ainda achar defeito nele. Parece que não tem nenhum. E o cara sem defeitos simplesmente me desespera porque não ter defeitos é praticamente o pior defeito que existe. Eu não conseguia gostar nem dos seus pequenos defeitos, mas me apaixonei pelo maior defeito do mundo nele.
Você se morderia, certamente, de ciúmes se me visse com ele na rua. O cara é digno de uma nota dez. Tenho certeza de que até você, daquele jeito estranho, admitiria isso. Porque ele é. Ele é tudo. Jesus, ele é tudo e mais um pouco. A facilidade que ele tem pra me tirar do chão é incrível. E olha que não tô falando metaforicamente não, é literalmente! Ele é muito forte e seguro de si, ao mesmo tempo em que é inseguro também. Quando ele é inseguro, meu Deus, tenho vontade de abraçá-lo até não poder mais. Ele também tem uma família de ouro, tipo a minha. É todo ligado neles. E eu sou ligada nele. Até certo ponto, sabe? Ele não discute comigo nem nas músicas, gosta de tudo o que eu gosto, apesar de não gostar realmente. Mas ta sempre agradando, sempre sorrindo, sempre adorável. Eu tô sorrindo só de pensar nele. Queria que você o conhecesse, queria saber tua opinião. Se você fizesse aquela careta amarga, bem, então aí eu saberia que acertei na escolha dessa vez. Porque ninguém te deixava inseguro, mas ele com certeza faria seu ego tremer.
Minha barriga revira quando eu o encontro, minha bochecha cora quando nos falamos. Me cuido toda pra não falar palavrão na frente dele nem parecer muito idiota. Mas, amar? Amar de verdade? Dá medo. Quando eu tento chamar alguém de “amor”, travo toda. Gaguejo. Repenso. Mas tô tentando, ta? Você ficaria orgulhoso. Depois de me aconselhar a seguir em frente, você pediria pra eu voltar atrás de remorso. Mas só posso agradecer. Tudo que ele me causa, tudo que ele me faz... Nunca senti nada parecido antes. Por isso, quando penso em amor, no amor que senti por você, não consigo encaixá-lo nele. É como se ele fosse muito melhor do que aquele sentimento murcho e morno que eu sentia por você. "Amor". Talvez seja por isso que travo quando quero chamá-lo assim, porque certamente não é do mesmo jeito que te chamava. Se tivesse algo maior que isso, o chamaria assim. Agora que aprendi o que é amor de verdade, o que é se sentir amada, eu não preciso de apelidos pra ele. Mas amor, com certeza, se encaixaria nele. Pelo menos esse amor que sinto agora, cheio, quente; tão quente que chega a me queimar. Esse amor, sim - é totalmente e somente ele. Ele é amor.

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