sábado, 25 de dezembro de 2010

Here we go again... It's so insane


Encostada no balcão da cozinha eu ainda me sentia um pouco sem graça com aquilo tudo. As costas nuas dele a alguns passos de mim denunciavam músculos grandes e fortes e uma pele lisa e perfeitamente intacta. A cueca aparecia calculadamente pra fora da calça, o bastante pra deixar ele mais sexy ainda. Ele abaixou o fogo no fogão e olhou para trás, direto nos meus olhos, e perguntou se eu queria mexer um pouco a comida enquanto ele buscava alguns limões. Cheguei mais perto, sendo recebida com um doce beijo na testa, e fiquei um tempo brincando com o macarrão na água fervente, imersa nos meus próprios pensamentos. A música, de fundo, escolhida a dedo dentre tantas outras, enquadrava-se ao momento e embalava tudo o que acontecia ali. Ele havia pensado em cada detalhe, e até agora não havia errado em absolutamente nada. Eu não poderia, nem nos meus sonhos mais profundos ou nos meus textos mais fictícios, inventar uma cena tão perfeita e aconchegante quanto àquela. Sentia-me lisonjeada apenas por estar na companhia dele. Mas, aquilo tudo? Talvez fosse até mais do que eu merecia.
Ele me abraçou por trás, encostando sua cabeça em cima da minha. E ali ficamos algum tempo. Logo depois ele esticou o braço e desligou o fogão, me virando logo para ficar de frente pra ele. Num impulso, ele me levantou e colocou sentada no balcão, chegando perto e encostando seu nariz no meu. Sorriu. E então, saiu da minha frente, deixando-me a vista mais romântica até hoje. Havia aberto a varanda e, na mesa de fora, posto dois coquetéis, que ele havia feito ali na hora. Tinha dois pratos, um em cada lado da pequena mesa, acompanhados de talheres, guardanapo e com direito a um enfeite no copo. Flagrei-me sorrindo e, involuntariamente, com lágrimas nos olhos. Respirei fundo e o abracei, tentando demonstrar o quanto tudo estava sendo ótimo. Ele aproveitou o abraço para me pegar no colo e levar até a mesa, me colocando na minha cadeira e arrumando-a pra mim. Voltou até a cozinha, pegou a vasilha com comida e trouxe até os pratos, servindo-nos. Ainda estava sem camisa quando se juntou a mim na mesa. De frente ele era ainda mais bonito, o peito forte, liso, convidativo. Ele era inteiramente convidativo. E seu sorriso só completava a perfeição que pairava a minha frente. Eu tinha vontade de chegar sempre mais perto, seu cheiro pulsando forte ao meu redor. A nossa conversa não tinha fim. Palavras, assuntos, isso não nos faltava. Era tão automático, tão natural, que parecia um velho amigo de infância e não um cara que eu havia conhecido há alguns dias, algumas semanas. Seu olhar transbordava compreensão, calor, vida, paz, harmonia. A harmonia que eu estava procurando há tanto tempo.
Novamente, com um beijo na testa, ele pediu licença para tomar uma ducha, que durou alguns breve minutos. Saiu do banheiro com a toalha enrolada na cintura e outra secando o cabelo. Parou o perfeito movimento apenas para me fitar e sorrir, depois entrou no quarto e voltou vestido. Arrumado, cheiroso, divino... não, sem exagero, isso não basta. Ele merecia muito mais. Elogios não chegavam aos seus pés. Ele havia sido a pessoa mais paciente a noite toda. Havia cozinhado um jantar para nós dois. E agora estava sentado do meu lado no sofá, com os cabelos molhados, abraçado em mim e me fazendo um leve carinho na nuca, sussurrando no meu ouvido, e às vezes me olhando com um olhar infinito, explosivo, direto. Ele parecia me considerar sua futura esposa, tamanha a compaixão e química que havia ali. Eu o abracei e perguntei a mim mesma se já estava na hora, se eu já estava pronta. Para ficar vulnerável, desprotegida, entregue novamente. Se já estava na hora de me apaixonar de novo. Como se lesse meus pensamentos, ele afrouxou nosso abraço e, colocando minha cabeça entre suas mãos, me beijou delicada, calorosa e encantadoramente. Eram mil emoções misturadas em um beijo apenas. E eu percebi que talvez eu estivesse errada, talvez apaixonar-se não seja ficar desprotegida, mas achar alguém que te proteja. Eu vi isso nele. E eu desejei, de verdade, que desse certo dessa vez.

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