domingo, 26 de dezembro de 2010

Resto

Pensei em escrever sobre você. Mas não vale a pena. Na verdade, nem dá. Porque as palavras que eu usaria para falar qualquer coisa de você já estão ocupadas demais detalhando outra pessoa. Outra pessoa, outros acontecimentos, outras histórias. Tentei, então, lembrar-me de você. De alguma – qualquer – lembrança nossa. Mas não consegui. Minha cabeça já estava cheia de novas memórias e novos pensamentos, não sobrou espaço pra mais ninguém, quem diria você. Pensei em mandar uma mensagem. Mas minha caixa de mensagens já estava preenchida com outro nome, outras mensagens muito melhores do que qualquer resposta que você poderia um dia mandar pro que eu te enviasse. Cogitei a ideia, quem sabe, de sair com você. Mas se nada disso eu tinha, tempo não estaria sobrando também. Ele estava sendo muito bem usufruído com alguém, e, pensando bem, eu não me arrependia de gastar tanto tempo com esse alguém. E então, você se pergunta, eu me pergunto, eis a pergunta... Se não tenho palavras, lembranças, paciência e tempo para você, porque perdi exatamente essas quatro coisas nesse texto? Bem, porque dizem que cada um tem o que merece... Usei apenas o resto do meu tempo, o resto das lembranças, o resto da paciência e o resto de todas as minhas palavras para fazer jus ao que você é, hoje, para mim. Resto.

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