terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Ah não, de novo não


Comparar-te, talvez, fosse insanidade. Por ser diferente, por ser novidade.
Mas aquela sensação ali, nada tinha de novo. Era exatamente aquilo que eu sentira meses atrás, aquele sentimento-sem-nome, que causava um desconforto agradável, uma falsa alegria. Causava aquilo que eu não sabia nomear, não conseguia explicar, aqueles pensamentos tão contraditórios... os quais me faziam amar e odiar, sem meio termo, sem nem uma linha para separar. Voltou? Renovou-se? Ah não, de novo não...
Você riu quando, ao me espiar com o canto dos olhos, me flagrou perdida em pensamentos te olhando. “O quê você está pensando?”, eu não sabia responder. Pensava em tanta coisa enquanto não pensava em nada. O toque da sua mão na minha perna causou um arrepio que alcançou minhas costas. Meu coração, coitado, gritava horrores dentro de mim, pedindo pra eu sair dali, mas eu não escutava; àquela altura do campeonato, sentia-me surda em relação a sentimentos, havia cansado de me preocupar com eles. Mas, de novo? Ah não, de novo não.
Era tanta ternura e diversão naquele olhar que eu simplesmente não conseguia desviar o meu. Repassei nossos momentos na cabeça, nossos corpos juntos e nossas mentes discordando-se. Tinha algo de conhecido, de tão obviamente reconhecível naquilo que brotava no meu peito. O calorzinho que parecia tão familiar, na verdade, já fazia parte de mim. O calorzinho misturado com a aceleração dos batimentos cardíacos e aquelas malditas borboletas no estômago. Ah não, de novo não!
Droga. Tentava expulsar tudo de mim, por mais que gostasse, por mais que desejasse muito, muito mais. Não conseguia pensar claramente. As coisas poderiam ser mais fáceis se eu aproveitasse um pouco mais, e não me preocupasse o tempo todo, com tudo, com todos, com cada detalhe, e com nada. Mas aquilo era inevitável. Era a mesma sensação cruelmente viva que eu desejei uma vez nunca mais sentir. Não tinha dúvidas, era ela, de novo. Não, não, não, de novo não...
Detestei-te por um tempo, por me submeter a tudo que eu custei a esquecer, a superar. Odiei-te por ter tido tanta facilidade de recolocar o terror de volta ao meu redor. Enquanto te amei incondicionalmente por conseguir trazer novamente o que eu só havia sentido uma vez na vida. Admirei-te. A melhor das sensações, com a impressão agora de ter dado a volta no mundo quando a expulsei, e retornado a mim, devota, só que com muito mais bagagem. Não me importarei enquanto você se importar. A partir do momento em que você não mais ligar, essa deixará de ser minha solução para tornar-se meu problema. E, em minha opinião, estar apaixonado não devia ser, jamais, um problema. O pior de tudo é não saber que sente isso sozinha - ou se está, na melhor das hipóteses, acompanhada.
Ah não, de novo não?!

“I’m not afraid to try again. I’m just afraid of getting hurt for the same reason.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário