quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Desconhecido

A novidade tornou-se velharia, e as pessoas têm essa mania tosca de trocar o velho pelo novo, mesmo sabendo que panela velha é que faz comida boa. Mesmo sabendo que a próxima novidade vai ser empolgante - momentaneamente -, mas que o desconhecido tem muitos pontos fracos. Intimidade, brincadeiras, apelidos, carícias, medos, vícios, compreensão, colo, choro, entendimento, facilidade, coração aberto, e amor - claro -, não se encontra no desconhecido. Quando o brilho ficar fosco, você vai deitar na cama querendo o abraço de uma pessoa só, e te garanto que não é do desconhecido. Você vai sentir falta da mão te procurando do outro lado da cama no meio da noite no escuro, te encontrando afastado e chegando perto pra envolver tuas costas com os braços. Esse tipo de calor não dá pra substituir. Você vai se encontrar sábado a noite em casa, meio sem rumo e chão, pensando no que fazer. Seu celular vai tocar e inconscientemente você vai achar que ela, mesmo sabendo que não é, e você vai dar um suspiro de alívio. Alívio por não ser ela, alívio porque você não queria que fosse ela, não queria trazer tudo à tona. Seus amigos vão te convencer a ir pra alguma festa, sem dificuldade nenhuma, e você já vai de carona com o intuito de beber muito e esquecer de tudo. Pode beijar uma, duas, ou quantas bocas quiser. Elas serão pequenas ou grandes demais para a sua, engraçadas e diferentes. Não é tão bom. A novidade faz parecer melhor do que realmente é. Você a afasta por um segundo e olha nos seus olhos, não verdes, procurando alguma coisa, que também não sabe o quê. Ela vai sorrir e o sorriso vai ser branco e bonito e não como você tava acostumado. Por um segundo bate um desânimo, mas você joga fora, ignora. Cinco da manhã você chega em casa, com aquela sensação de que ta faltando alguma coisa. Tira toda a roupa, as lentes, e deita na cama sentindo um frio absurdo que nenhuma coberta consegue cessar. Um frio que vem de dentro pra fora e esmaga o peito, e você aceita que é só a bebida te dando mal estar. Tem coisas que uma noite de festa não consegue te dar, tem faltas que desconhecidos não conseguem suprir. Um domingo vazio, de vídeo game e um almoço clichê. Sempre uma incógnita tua semana, mas também teus apoios e escapes. A vida te deu um tapa e mandou você aguentar e fingir que nada aconteceu. Você é fiel demais a isso. Leva em frente como se tivesse e quisesse aceitar a nova realidade, com lembranças afogadas no canto do cérebro. Você não vai voltar atrás porque se acha melhor do que isso. E você é. Atrás não tem mais nada, você está certo em escolher seguir em frente. Mas a opção de ir sozinho ou acompanhado é só sua.

Um comentário:

  1. Lindo Nina!! Triste, mas muito lindo! A pior verdade é aceitar..

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