sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Para alguém entender

Vem cá, senta aqui. Eu sei que a vergonha é grande, eu também tenho, mas não sei o que você faz que me seduz a te falar essas besteiras. Seduz-me a te seduzir, te manipular, jogar com teu corpo novinho. Esquece a vergonha, ignora, a tranca em algum lugar. Mas não joga a chave fora, não. Porque tem que ter vergonha, é até bom. Mas com os outros, não comigo. Vai, ignora-a. Escuta-me, me entende. Obedece, amor. Senta aqui do meu lado. Chega mais perto. Sente o cheiro do meu perfume na minha nuca, repara no brinco que eu coloquei. Chega mais perto, até seu nariz roçar na lateral da minha mandíbula, até que sua voz seja um sussurro no meu ouvido. Passa sua mão ao meu redor, num meio-abraço, com a sensação de abraço inteiro. Beija meu ombro nu, ou beija o imaginando assim. Beija meu pescoço, minha orelha. Sinta-me, deixa eu te sentir também. Deixa-me provar do veneno que me fez vir até aqui falar baixinho meus desejos. Tira essa blusa, me deixa lamber teu peito, morder tua barriga. Não, não me pede para parar. Eu sei que não posso, mas eu quero. Deixa-me querer, deixa eu me atrever. Pega-me no colo, me encosta em qualquer lugar. Muito rápido? Ou devagar...? Digo, quer que eu volte pro início? Voltamos então, meu amor. Mas olha pra mim. Encara meu olhar, não foge desse abismo. Deixa ele te consumir, te puxar, te tentar... Isso mesmo, chega mais perto e esquece a insegurança. Porque se você não sabe, eu sei por nós, sou segura por você. Temos tanto tempo, mas temos que ser rápidos. Porque eu tenho muito pra fazer, outros jogos pra jogar... Então para com essa marra, segura meu cabelo e beija minha boca, me deixa louca, tanto quanto estou enlouquecendo com essa distancia entre nós.

Ou fica aí, parado, amedrontado. Vendo-me voltar para os braços de quem eu nunca deveria ter entrado.

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