domingo, 1 de maio de 2011

Relatos de um coração


Nossa diferença de idade nunca foi um grande problema pra mim. Nossas conversas, nossos beijos, nossos carinhos, desejos e pensamentos sempre se encaixaram muito bem. Bem demais, pra ser sincero. Ela tinha alguma coisa especial, alguma coisa que me fazia pular e alucinar toda vez que a via. Ninguém entende. Eu ficava acelerado, batendo freneticamente. No começo, eu concordava com o cérebro. Nós achávamos que dessa vez era diferente, que aquela menina ali ia ser a eterna paixão das nossas vidas, e tudo mais. Chegamos a essa conclusão depois de ver que, por mais que os dias se passassem, os meses, eu continuava a alterar minha rotina diária de batimentos só de olhá-la. Tão extravagantemente linda. Ela fazia cada detalhe seu ser mágico; suas pernas, suas curvas, o jeito de mexer o cabelo, de piscar os olhos, o sorriso... Ah, o sorriso. Não o ver era como se meu sol não tivesse nascido, como se o calorzinho que me aquece não estivesse ali, e eu ficava frio. Mais frio do que gostava de ser. Eu era viciado naquele calor, naqueles olhos, no sorriso, no cheiro. Era – sou – completamente dependente dela. E era só ela, só aquela voz, que me fazia encolher, aumentar, explodir de emoção. Foi ela que me despertou de um sono profundo; de um sono que eu não havia acordado antes. Ela me fez nascer, me fez sentir. Ela me fez amar.
Não sei direito o que aconteceu, ou como. Foi rápido demais para eu acompanhar. Minhas conversas com o cérebro passaram de harmonias para discussões. Fortes discussões. Eu chorava noite e dia, cada dia mais gelado, mais sozinho. Sentia falta dela, do meu sol, meu calor. Eu era o oposto de todo o resto do corpo, queria agir de uma forma, mas ele agia de outra. Se um dia me escutou e me obedeceu, esses dias são passado agora. Ele só se lembra da minha existência por causa da dor que eu causo no seu peito; caso contrário eu passaria, agora, despercebido por seus sentidos. Passei muito tempo sem ter um bom motivo para bater mais forte. Minha única esperança era quando o celular tocava e eu saia do controle, acelerando, achando que era ela. Mas nunca era. Nunca mais vi o nome dela naquela telinha luminosa. E isso só fazia eu me fechar mais, me tornar indiferente pra todos... Menos pra ela.
Foi assim, sem querer, depois de algum tempo, que eu enxerguei. Aquela sombra, aquele cheiro, aquele olhar sedutor. Impossível não reconhecer. Ela sorriu ao ver meu corpo, inalou fortemente meu perfume, e sorriu novamente. Eu, rápido demais no momento, sentia seu coração entrando no meu ritmo. Batíamos juntos, alinhados. Exatamente como era antes. Mas ela não chegou perto, muito pelo contrário, seu sorriso tornara-se um sorriso triste e ela foi embora. Eu fiquei minúsculo, apertado, tão compactado. Foi um aperto horrível pensar em perdê-la de novo, em ficar mais tantos dias sem aquela sensação. Suplicava, sem respostas, para que ela voltasse. Mas não, ela não voltou.
Eu não tinha explicações, não sabia ao certo porque ela ficara tão distante e me deixara tão desordenado como agora. Aquele sorriso triste eu conhecia bem, já havia feito muitas sorrirem assim. Inclusive ela. Mas era diferente, ela sempre voltava. Perdoava meus erros, minha loucura, minha falta de comprometimento. E tudo voltava ao normal. Mas não dessa vez, não dessa vez. Ela decidira ir embora, sem retorno, sem mais chances. Os beijos que antes ela não me negava, os carinhos, os afagos, hoje eram impossíveis de conseguir. Ela virava o rosto, tirava a mão, pedia para o meu corpo não tocá-la; e doía. Ela foi a primeira a me tocar, me encantar, me esnobar e me humilhar. Primeira e última. Mas estava certo quanto a uma coisa: não importa o que acontecesse ou quem entrasse e saísse de nossas vidas, ela era a eterna paixão da minha vida. Sempre me tirará do meu ritmo normal. Com ela, serei um coração alucinado, mas dilacerado...
Enfim entendi o significado de “coração quebrado”. O amor dói.

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